quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Dólar opera em alta e ultrapassa pela 1ª vez R$ 4,46


Na véspera, moeda dos EUA fechou a R$ 4,4407 e renovou patamar recorde.

                             Cédulas de dólar — Foto: Visual Hunt 

Por: Visão do Araripe

O dólar opera em alta nesta quinta-feira (27), atingindo pela primeira vez a cotação de R$ 4,46 e subindo pela sétima sessão consecutiva, em meio a temores sobre a expansão do coronavírus e impactos na economia global.

Às 9h49, a moeda dos EUA era negociada a R$ 4,4583, com alta de 0,39. Na máxima até o momento, chegou a R$ 4,4633. Veja mais cotações.

Na véspera, o dólar fechou em alta de 1,10%, a R$ 4,4407, renovando recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação), em meio ao avanço da epidemia de coronavírus pelo mundo e com a confirmação do primeiro caso no Brasil. Na máxima da sessão, chegou a R$ 4,4475, até então a maior cotação nominal intradia já registrada no país. No mês, o dólar acumulou alta de 3,63%. Em 2020, já subiu 10,75%.

Em tentativa de limitar a disparada do dólar, o Banco Central realizará neste pregão leilão extraordinário de até 20 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, conforme anunciado na quarta-feira, destaca a agência Reuters.

Tensão global

 

No exterior, as bolsas europeias tinham mais um dia de queda. Investidores temem os impactos do avanço do coronavírus no crescimento da economia global e mais empresas alertaram que o surto afetará seus lucros e resultados, incluindo Microsoft e AB InBev.

Na China, as bolsas fecharam em leve alta, com um menor número de mortes devido ao coronavírus e após o governo sinalizar mais suporte para a economia doméstica. No Japão, índice Nikkei fechou em queda de 2,13% e, em Seul, o índice KOSPI perdeu 1,05%.

Já os preços do petróleo caíam cerca de 2% nesta quinta-feira, no quinto dia consecutivo de perdas, para o menor nível desde janeiro de 2019. O petróleo Brent caiu abaixo de US$ 53 o barril, enquanto que petróleo dos Estados Unidos recuou para menos de US$ 48 por barril.

Por conta de fluxos elevados de capitais para mercados de menor risco, o dólar segue se valorizando frente a outras moedas, em especial moedas de países emergentes como o real.

Embora o maior número de casos confirmados e os principais impactos ainda estejam concentrados na China, os temores de uma pandemia intensificaram-se com autoridades pelo mundo lutando para prevenir a disseminação do vírus, que já foi registrado em cerca de 30 países, gerando interrupção de produção e consumo na China, e também a paralisação de algumas atividades em países como Coréia do Sul, Irã e Itália.

Na quarta-feira, foi a vez do J.P. Morgan revisar suas projeções para o crescimento mundial e, em consequência, o banco americano cortou sua expectativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, de 1,9% para 1,8%. A revisão ocorreu na esteira de uma desaceleração mais intensa do que o esperado pela instituição no crescimento da China neste 1º trimestre.

O que explica as altas recentes

 

Além das preocupações sobre o impacto do coronavírus, o dólar mais valorizado nas últimas semanas tem refletido os juros em mínimas históricas no Brasil e as perspectivas sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira e andamento das reformas.

Diversas instituições financeiras têm revisado para baixo suas perspectivas para o crescimento econômico em 2020 na esteira da disseminação do novo coronavírus e da percepção de uma lentidão um pouco maior que o esperado no ritmo de crescimento neste início de ano.

O mercado brasileiro reduziu para 2,20% a previsão a alta do PIB em 2020, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta quarta, mas diversos bancos e consultorias já estimam um crescimento abaixo de 2%.

Já a projeção do mercado para a taxa de câmbio no fim de 2020 subiu de R$ 4,10 para R$ 4,15 por dólar. Para o fechamento de 2021, subiu de R$ 4,11 para R$ 4,15 por dólar.

A redução sucessiva da Selic desde julho de 2019 também contribui para uma maior desvalorização do real ante o dólar. Isso porque diminuiu ainda mais o diferencial de juros entre Brasil e outros pares emergentes, o que pode tornar o investimento no país menos atrativo para estrangeiros e gerar um fluxo de saída de dólar. E cresce no mercado as apostas sobre a chance de um possível novo corte na Selic, atualmente em 4,25% ao ano.





Fonte: G1



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