Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, os candidatos ao curso de estatística devem ter tirado, no mínimo, 500 na redação, 600 em Matemática e suas Tecnologias, e 450 nas três outras áreas de conhecimento. Caso alguém que não tenha atingido essas notas tente se inscrever no portal do Sisu, o sistema avisará que não é possível concluir o processo.
"É preciso estudar os pesos (de cada área do conhecimento), conhecer os termos de adesão de cada universidade ao Sisu. No caso da USP, tem uma série de cursos que pedem 700 como nota mínima", comenta Mateus Prado, especialista em políticas públicas de educação.
Qual o prazo e como fazer a inscrição?
Até as 23h59 desta quinta-feira é possível fazer a inscrição e mudar as escolhas quantas vezes o estudante quiser. O candidato deve acessar o site do Sisu (http://sisu.mec.gov.br/) e preencher os campos com número de inscrição no Enem 2015 e senha. Em seguida, é possível visualizar as notas no exame – divididas pelos campos de conhecimento.
Para fazer a inscrição, após visualizar seu desempenho, o estudante deve realizar uma busca por curso, instituição de ensino ou cidade. Ele precisa indicar a primeira e a segunda opção de curso a que deseja concorrer.
Minha nota no Enem será a mesma em todas universidade?
Não necessariamente. Cada universidade pode atribuir pesos diferentes às disciplinas, ou seja, o mesmo candidato pode ter uma nota mais alta em uma universidade e mais baixa em outra. Esse cálculo da nota no Sisu tem como base espécies de "bonificações" que o sistema aplicará automaticamente sobre a nota obtida no Enem 2015.
"Quem sabe usar a ferramenta do Sisu tem vantagens. Por exemplo, quem tem nota muito alta na redação e quer redação, sempre vai ser melhor tentar a UFRJ, que vai dar peso 3 na redação", explica Mateus Prado, especialista em políticas públicas de educação.
O que é a nota de corte que aparece em cada curso?
Ao buscar cursos no sistema, o estudante encontra a nota de corte já calculada. Ela foi baseada no desempenho do último candidato que seria aprovado, de acordo com o número de vagas. Por exemplo: em um curso que oferece 30 vagas, a nota de corte será a nota do 30º candidato com melhor desempenho, dentre os que se inscreveram nesta opção.
Essa nota de corte é dinâmica e varia de acordo com a procura pelos cursos. Ela foi atualizada pelo Ministério da Educação a partir das 9 horas, nos dias 12, 13 e 14 de janeiro. A cada dia, o sistema considera os dados da véspera para fazer o cálculo.
Caso, de quarta-feira para quinta-feira, candidatos com notas mais altas se inscrevam para fazer medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por exemplo, provavelmente a nota de corte subirá. Isso porque o número de vagas será preenchido por pessoas que tiveram desempenho melhor.
O MEC reforça que as notas de corte são apenas uma referência para auxiliar o estudante no processo de escolha de cursos. Mesmo estando acima da nota mínima divulgada na manhã do dia 14 de janeiro, pode ocorrer que o candidato não seja aprovado. O sistema é dinâmico e pode receber novas inscrições ao longo do dia 14.
Como escolher a primeira e a segunda opção de curso?
O diretor acadêmico do Colégio e Vestibular de A a Z (RJ), Bruno Rabin, ressalta que, na primeira opção, o candidato deve colocar o que prefere cursar, mesmo que imagine que só terá chance de conquistar a vaga na reclassificação. "Já na segunda opção, ele deve colocar não o que prefere, mas o que aceitaria estudar”, afirma.
Isso porque, caso o candidato seja aprovado tanto na primeira quanto na segunda opção, ele não poderá fazer a escolha: só terá como se matricular naquele curso que foi indicado em primeiro lugar. Por isso, é importante realmente colocar em primeiro o que for mais desejado.
Caso a pessoa só seja aprovada na segunda opção, ela pode continuar concorrendo por uma vaga no curso indicado como prioritário.
Se o candidato não for aprovado em nenhuma das duas opções, ele só poderá concorrer a vagas na reclassificação relativas ao primeiro curso indicado. “A segunda opção é um tiro só. Vale somente na convocação do Sisu e deixa de ser considerada nas listas de reclassificação divulgadas pelas universidades posteriormente”, esclarece Rabin.
De acordo com o diretor, tanto na primeira quanto na segunda opção, o candidato deve tentar fazer uma escolha consciente e apontar cursos em que realmente tenha chance de ser aprovado. Uma forma de se guiar nesse momento é examinar as notas de corte parciais divulgadas no Sisu. Caso sejam muito distantes daquela alcançada pelo estudante, a chance de ser convocado diminui – ou seja, não compensa “gastar” sua inscrição em algo que parece tão distante.
Como usar a 'classificação parcial'?
Após escolher o curso, o sistema exibe a chamada “classificação parcial”. Ela funciona como uma referência que auxilia o candidato a entender se tem ou não chances de ser aprovado. Ele pode estar, por exemplo, em 38º em um curso de 30 vagas. Ou seja: 8 pessoas precisam mudar suas escolhas para que ele consiga a vaga na primeira chamada (ou que oito não se matriculem e ele tenha manifestado interesse na lista de espera).
Preciso 'investigar' o histórico da faculdade e curso que tenho interesse?
Sim, pois conhecendo bem a faculdade e o curso você pode saber o peso que cada lugar dá às diferentes notas do Enem e também o perfil das reclassificações para elaborar estratégias para sua "classificação parcial". Algumas universidades, sobretudo localizadas em cidades menores ou regiões mais distantes do Sudeste podem ter menor índice de classificados que confirmam matrícula na primeira chamada.
Uma dica é pesquisar quantos candidatos foram chamados após a primeira lista do Sisu.“O problema é que nem todas as universidades divulgam com clareza as reclassificações de anos anteriores. Em alguns casos, o estudante não consegue descobrir essa informação. O ideal, nessa hora, é conversar com amigos que estudem na faculdade pretendida, para tentar se informar sobre número de pessoas que são chamadas após a primeira lista”, recomenda Bruno Rabin.
Há chances de a nota de corte diminuir?
De acordo com Mateus Prado, especialista em políticas públicas de educação, "todas as notas de corte vão aumentar" entre a terceira e última parcial e as notas consolidadas da primeira chamada.
Ela faz a ressalva que esse aumento será maior em valores "absolutos" nos cursos com notas na faixa de 500 e 600 pontos. Cursos como medicina devem ter aumentos menores. O especialista diz ainda que este último dia de inscrições deve ser de muita migração e cursos de licenciatura devem ver as notas de corte subir após candidatos com boas notas verem exigências muito altas em suas primeiras opções de curso.
Prado lembrou ainda que o candidato deve sempre considerar que a nota da corte deve ser diferente da nota do último candidato inscrito nas reclassificações que serão divulgadas pelas faculdades.
Quando saberei que fui aprovado?
O Sisu divulgará a única lista de aprovados no dia 18 de janeiro. As matrículas serão feitas em 22, 25 e 26 de janeiro.
Como funcionam as listas de espera?
Caso estudantes convocados na lista do Sisu não façam a matrícula ou desistam posteriormente dela, podem abrir novas vagas no curso. Elas serão disputadas pelos candidatos que indicaram aquele curso como primeira opção no sistema.
Para concorrer a uma dessas vagas, o estudante deve manifestar interesse em participar do processo seletivo. Entre os dias 18 e 29 de janeiro, precisam entrar no portal do Sisu para formalizar o pedido.
As listas de reclassificação serão divulgadas pelas próprias universidades, a partir de 4 de fevereiro – não mais pelo portal. Cabe a cada candidato ficar atento ao calendário da faculdade pretendida.
“Muitos acreditam que automaticamente estão concorrendo às vagas da reclassificação. Mas é necessário manifestar interesse, caso contrário, não conseguirão disputar a vaga”, explica o diretor.
Terei nova chance no segundo semestre?
Haverá uma segunda edição do Sisu ainda em 2016, que tomará como base as mesmas notas do Enem 2015. Todos os que fizeram o exame e não zeraram a redação podem participar novamente do processo, mesmo que já estejam matriculados em alguma universidade.
É importante verificar nos editais dos cursos se haverá oferta de vagas para o segundo semestre. Alguns são anuais e só abrem processos seletivos uma vez ao ano.
Qual a diferença de ampla concorrência e ações afirmativas?
De acordo com a Lei nº 12.711/2012, todas as universidades federais, institutos federais de educação, ciência e tecnologia e centros federais de educação tecnológica participantes do Sisu terão vagas reservadas para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. O candidato deve optar, na inscrição, se deseja participar das vagas reservadas pela Lei de Cotas ou se concorrerá pelas demais.
Desta parcela de vagas reservadas a quem estudou em escola pública, metade é destinada àqueles com renda familiar bruta mensal por pessoa de até um salário mínimo e meio. Também há critérios de cor ou raça – para pretos, pardos e índigenas, de acordo com a parcela que representam na população na unidade da Federação onde a faculdade se encontra. O dado pode ser consultado no último Censo divulgado.
Algumas universidades podem, além das cotas, adotar um bônus como forma de ação afirmativa. Nesse caso, o estudante entra no grupo de ampla concorrência e sua nota recebe a bonificação estipulada pela instituição de ensino.
É essencial que o candidato que disputará vagas de cotas tenha a documentação que comprove o seu direito. Caso seja convocado e não mostre os papéis requisitados pela universidade, perderá a vaga.
O que fazer em caso de problemas técnicos?
Se o candidato tiver dificuldades para fazer a inscrição, deve ligar para o 0800-616161. É comum que o problema esteja no computador usado pelo estudante. Vale a pena tentar em outras máquinas ou mudar o navegador do computador.
É recomendado não deixar para fazer a inscrição em cima da hora: problemas técnicos podem acontecer no site do Sisu e o candidato passará a correr o risco de perder a oportunidade de concorrer.