A árvore 'nim' (nome científico) Azadirachta indica A. Juss.) é uma espécie exótica, originária do sul da Ásia. Na Índia, é bastante utilizada por adeptos da fitoterapia por possuir propriedades farmacológicas. A planta foi introduzida no Brasil na década de 1980, com o intuito de trabalhar como um pesticida "natural" em lavouras, mas se tornou uma planta com alto poder de toxicidade para a biodiversidade das Caatingas. Tem sido bastante utilizada, especialmente na região do Vale do São Francisco e Região do Araripe, no paisagismo urbano de ruas e calçadas.
O que poucos sabem, é que o 'nim, somente pelo fato de não ser uma espécie nativa do Brasil e muito menos da Caatinga, já representa uma ameaça real a nossa biodiversidade. Ela tem se adaptado com sucesso ao clima semiárido, respondendo bem até quando não recebe água regularmente. Isto se deve ao fato da árvore conseguir acessar a água nas camadas mais profundas do solo, com seu sistema radicular eficiente. Possui crescimento relativamente rápido, fornecendo sombra com poucos meses após o plantio. O crescimento rápido, a copa vistosa e o perfume de suas florem tem convencido cada vez mais os moradores a plantarem o 'nim' em suas calçadas.
Um estudo realizado na Índia em 2013 faz um relato de caso de um humano que foi intoxicado após ter ingerido uma quantidade de 20 ml de óleo de 'nim', inclusive um dos sintomas foi a perda da consciência e convulsões. Um experimento com ratos concluiu que o 'nim' foi responsável pela perda da capacidade reprodutiva temporária após a inserção do extrato do 'nim'.
Um dos principais problemas causados pelo 'nim' é o efeito de seu principal princípio ativo: a Azadiractina. É uma substância comprovadamente inseticida. Possui efeitos sobre a reprodução de insetos nativos, inibindo sua a reprodução. Particularmente, as abelhas nativas, que são de extrema importância na polinização das flores da Caatinga. A abelha mandaçaia está sendo dizimada no momento que visita as flores do 'nim' e são contaminadas pelo seu pólen tóxico. É importante lembrar que a mandaçaia e várias outras abelhas nativas da Caatinga são responsáveis também pela polinização de várias culturas agrícolas praticadas no Vale do São Francisco e Região do Araripe que já sofrem com o uso abusivo de agrotóxicos. Em consequência da polinização comprometida há uma sensível diminuição na produção de frutos que são comercializados pelos agricultores.
Neste sentido, propomos a substituição do 'nim' por árvores nativas do bioma Caatinga, na arborização da cidade. Muitas espécies da Caatinga são capazes de oferecer sombra em nossas calçadas, e ainda não oferecem risco à encanação, pois possuem raízes pivotantes, que crescem verticalmente. A substituição não deve ser súbita. À medida que a espécie nativa for crescendo, uma poda preventiva pode ser realizada no 'nim'. Assim você não ficará sem sombra.
Vamos ajudar o nosso BIOMA! A Caatinga precisa da ajuda de todos nós. E esta é uma forma simples e objetiva de você contribuir com a natureza. Para você que se interessou pela proposta, as mudas de espécies de árvores nativas do bioma Caatinga podem ser obtidas gratuitamente no Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD), que está localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco. O fone para contato é (87) 2101-4823.
Agende sua visita e plante sua muda!
José Alves de Siqueira Filho
Fonte: Blog do Banana
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