quarta-feira, 5 de novembro de 2014

ESPORTES: Bandeirinha musa faz um desabafo: “Não virei assistente para aparecer”



Mesmo com todo tipo de preconceito sofrido no futebol, no entanto, a bela Fernanda Colombo, nova assistente da FPF, não quer levantar bandeira contra o machismo.

"Quando a tacham como bonita, passam a falar que você só consegue seus objetivos pela beleza ou porque alguém está pegando você." Foi com essa frase que a assistente de arbitragem Fernanda Colombo descreveu o que, para ela, tem sido o seu principal desafio no mundo do futebol. Aspirante ao quadro da FIFA, se nega a se colocar, no entanto, como porta-voz do combate ao machismo no futebol. Só não esconde que o fato de ser mulher e chamar atenção pela aparência a tem prejudicado em alguns momentos.

- Não virei assistente para aparecer ou coisa do tipo. Trabalho forte para conquistar o meu sonho. Nós, mulheres, fazemos testes físicos iguais aos homens. Temos avaliações rígidas e só conseguimos ser aprovadas se mostrarmos um rendimento satisfatório. É complicado quando as pessoas te olham e te julgam pela aparência. Quando você acerta, ninguém fala. Mas quando você comete algum erro, todos te apontam pelo fato de ser mulher. O mundo do futebol é machista. No entanto, tento encarar isso com muito trabalho e empenho.

Mesmo que de forma indireta, a observação de Fernanda atinge o episódio em que o diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, sugeriu que abandonasse a profissão para posar nua, após um erro durante o duelo entre o Atlético e a Raposa, em maio. Sugestão similar à feita pelo presidente da Federação Catarinense (FCF), Delfim Peixoto - ao justificar a saída da bandeirinha do futebol catarinense, sugeriu que virasse modelo.



- Recebi alguns convite, sim. Cheguei a fazer fotos, mas nada sensual. Não faz o meu perfil. Não tenho nada contra, mas não faria. Tive uma proposta de uma TV, que foi até boa, mas preferi seguir na minha profissão. É aquela história. É um bichinho que pica a gente e que a gente se apaixona. Não tem como largar a arbitragem. Eu sou apaixonada por aquilo que faço, me dedico bastante. Então, acho que tenho chances de crescer nessa profissão. É isso que me motiva a continuar na arbitragem. É paixão porque realmente há muitos pontos e aspectos negativos, né? A gente tem que ter as prioridades. E minha prioridade no momento é a arbitragem.

A recusa às propostas, no entanto, não significa que Fernanda ache errado investir em uma suposta carreira como modelo. Muito pelo contrário. No entanto, a bandeirinha acredita que o prejulgamento da sociedade impede que qualquer mulher possa associar a profissão de assistente com uma que se valha da beleza.

- Não vejo problema em ser modelo e assistente, por exemplo. O problema existe no julgamento que se faz disso. Ser modelo é ter uma profissão como qualquer outra. Não é algo que faz parte de mim, pois não me vejo fazendo isso. Mas é uma profissão como outra. Sou formada em educação física e trabalhei como "personal trainer". E não vejo diferença. Mas as pessoas te julgam, e isso atrapalha muito. então, são coisas que, atualmente, é preciso evitar.

O discurso correto e cheio de argumento não faz com que Fernanda se coloque como uma "bandeira" contra o machismo. Muito pelo contrário. Mesmo afirmando que seu caso pode servir de exemplo para mulheres que queiram seguir na profissão, tira o tom "político" das suas experiências no futebol.

- A gente tem que provar a cada dia para o que veio. Então, tem que se esforçar muito mais do que outras pessoas. Acredito que isso sirva de exemplo para outras mulheres que vão querer participar do futebol. Porque não é só homem que pode gostar de futebol, mulher também pode. Mas não quero ser bandeira de nada. O que quero é mostrar meu trabalho e que as pessoas me avaliem por ele. Não por questão de aparência.

Fonte: Globo Esporte

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