Megalômano,
grosseiro e medíocre
Por:
Visão do Araripe
São alguns dos adjetivos que
me ocorrem para qualificar o ministro da Educação, Abrahan Weintraub. Sua
irrelevância como acadêmico lhe subiu a cabeça. E, como se nota e ele confessa,
resolveu usar o cargo que ocupa para fazer a sua própria versão de uma
"Escola com Partido".
Qual critério ele vai usar para cortar verbas
das universidades federais? Ora, se elas promoverem ou não o que ele chama de "balbúrdia".
E quem faz essa avaliação? Leiam o que informa o Estadão. Volto em seguida.
O
Ministério da Educação (MEC) vai cortar recursos de universidades que não
apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem
promovendo "balbúrdia" em seus campi, afirmou o ministro Abraham
Weintraub ao Estado. Três universidades já foram enquadradas nesses critérios e
tiveram repasses reduzidos: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade
Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), disse. Segundo
ele, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, está sob
avaliação.
"Universidades que, em vez de procurar
melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas
reduzidas", disse o ministro.
De acordo com o MEC, as três universidades
tiveram 30% das suas dotações orçamentárias anuais bloqueadas, medida que
entrou em vigor na semana passada. Os cortes atingem as chamadas despesas discricionárias,
destinadas a custear gastos como água, luz, limpeza, bolsas de auxílio a
estudantes, etc. Os recursos destinados ao pagamento de pessoal são obrigatórios
e não podem ser reduzidos.
Weintraub disse que o corte não afetará
serviços como "bandejão". O MEC informou que o programa de
assistência estudantil não sofrerá impacto, apesar desses recursos integrarem a
verba discricionária.
A UNB disse que verificou no sistema bloqueio
orçamentário "da ordem de 30%" e espera conseguir revertê-lo. A UFBA
e a UFF não se pronunciaram.
Retomo
É a cabeça de um fascistoide no comando
daquele que deveria ser o ministério mais importante do governo. Não tenho
nenhuma simpatia por boa parte das manifestações que alguns grupos de esquerda
promovem nas universidades públicas. Mas recorrer ao orçamento para punir o
conjunto da comunidade acadêmica porque grupos de que ele discorda se comportam
de maneira que considera inadequada não é coisa de um ministro da Educação, mas
de um tiranete que comanda um presídio ou um campo de trabalhos forçados.
Este
senhor pretende se impor por intermédio da punição coletiva para que, então, o
conjunto dos atingidos decida reprimir os que Weintraub considera rebeldes e
resistentes à sua visão de mundo, à sua orientação política, à sua ideologia.
É um
escândalo que ele deixe claro que está usando o dinheiro público para impor o
que, de fato, é o seu próprio viés ideológico.
É
evidente que o ministro não teve tempo de avaliar o desempenho acadêmico das
universidades punidas. Tudo cheira a retaliação porque essas instituições
abrigaram críticas e críticos à candidatura de Jair Bolsonaro.
A
decisão anunciada fere o Artigo 207 da Constituição, que garante a autonomia
universitária, a saber: "Art.
207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e
de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão.".
E
agride também o Artigo 11 da Lei de Improbidade Administrativa: "Art. 11. Constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I – praticar ato visando
fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;".
A
parcialidade está escancarada em sua fala. Não precisa mais ser demonstrada.
Ele está fazendo um corte amparado na ausência de leis e está sendo desleal à
Carta, que assegura a autonomia.
Ainda
que se possa questionar se deve ou não haver pessoas peladas dentro da
universidade — eu, por exemplo, penso que não —, indago se o conjunto dos
estudantes deve arcar com o ônus porque meia-dúzia de exaltados resolveu tirar
a roupa. A propósito: que prejuízo efetivo isso provoca ao ensino?
Bolsonaro
está apenas no quarto mês de governo. E, a cada dia, resolve esticar um pouco a
corda. Sei lá que diabo de horizonte escatológico tem pela frente, com a
provável ambição de uma ruptura, que então lhe permitiria governar sem amarras.
E, para tanto, conta com alguns truculentos medíocres, que fazem do
ressentimento e da vingança do recalcado uma política de Estado.
Não
há perigo de isso dar certo, é claro! Ocorre que o país piora um pouco até que
venha a reversão e que passe esse aluvião de estupidez.
Cadê
o Ministério Público Federal?
Texto: Reinaldo
Azevedo
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