Jair Bolsonaro ofereceu café da manhã a jornalistas na manhã desta sexta-feira (5) no Palácio do Planalto — Foto: Marcos Corrêa/PR
Presidente
da República foi questionado nesta sexta-feira (5), em café da manhã com
jornalistas, sobre os embates entre correntes 'ideológica' e 'pragmática'.
Por:
Visão do Araripe
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (5), em um
café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que não existe rivalidade
entre a ala ideológica do governo – influenciada pelo escritor Olavo de
Carvalho – e a corrente militar, composta por generais que ocupam altos cargos
no Executivo federal.
"Não existe [disputa de] olavetes
contra militares", afirmou o presidente aos jornalistas, referindo-se à
disputa entre as alas "ideológica" e "pragmática" do
governo.
Radicado nos Estados Unidos e
autointitulado "filósofo", Olavo de Carvalho se tornou uma espécie de
"guru" de Bolsonaro e dos filhos do presidente. A influência do
escritor sobre o novo governo garantiu a indicação para a administração pública
de alguns de seus discípulos, entre os quais o ministro da Educação, Ricardo
Vélez Rodriguez, e o das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
No entanto, ao longo dos três
primeiros meses de governo, a ala mais ideológica da gestão Bolsonaro acabou
entrando em conflito com outra corrente com grande influência sobre o presidente
da República, a dos militares, chamada de ala "pragmática".
Capitão da reserva do Exército,
Bolsonaro nomeou generais para várias cadeiras do primeiro escalão. O mais
influente dos militares do governo é o ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), Augusto Heleno, amigo pessoal do presidente e uma espécie
de conselheiro político.
O principal palco do embate entre os
discípulos de Olavo de Carvalho e os militares se deu no Ministério da Educação
(MEC), pasta comandada pelo professor Ricardo Veléz.
Os olavistas foram indicados no início
do governo Bolsonaro para cargos, sobretudo, nas principais posições do MEC,
como a nova Secretaria de Alfabetização (Sealf).
Já enquanto os militares comandam
áreas de órgãos como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) e o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação
(FNDE).
Parte da ala militar no MEC pode ser
considerada mais pragmática e compõe o grupo que ajudou na elaboração das
propostas de campanha de Bolsonaro. Dentre as propostas, estavam a defesa da
educação a distância, a criação de colégios militares em capitais e a
modernização da gestão na pasta.
Os "olavistas" chegaram à equipe sobretudo depois da vitória de
Bolsonaro e tiveram atritos com os que já participavam das discussões sobre
educação desde a campanha. O principal ponto para esse grupo “ideológico” é
expulsar do MEC qualquer resquício do que chamam de “marxismo cultural” ou
“pensamentos esquerdistas”.
Isso inclui a defesa de projetos como
o Escola Sem Partido, a revisão de questões do Enem ou o ensino que aborde
questões de gênero nas escolas.
O racha já provocou uma série de
decisões revogadas e demissões dentro da pasta. Mais de 10 pessoas já foram
demitidas e postos importantes dentro da pasta e do Inep estão vagos.
·
Entenda a crise no Ministério da
Educação em 4 pontos
A disputa também pode afetar programas
importantes, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019. Apesar de
ser aplicada apenas em novembro, a prova é pensada durante todo o ano: o
cronograma estipula que as provas estejam prontas para o envio às gráficas já
no início de maio.
A educação básica e a implementação da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também são áreas que, apesar de não serem
de oferta direta do MEC, podem sofrer com a persistência da crise dentro do
ministério. Isso pode ocorrer porque as redes estaduais e municipais dependem
da articulação com o governo federal para tirar do papel os programas que
precisam ser executados dentro das escolas.
Fonte: Natuza Nery e Gerson Camarotti, G1 — Brasília
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