Por: Visão do Araripe
A ONG Human Rights Watch fez
duras críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na crise
sanitária devido ao novo coronavírus e afirmou que, além de agir de forma
"irresponsável", o presidente está colocando os brasileiros em "grave
perigo". As afirmações constam de um relatório publicado hoje pela
organização, que atua na defesa e na realização de pesquisas sobre os direitos
humanos.
"O Presidente Jair
Bolsonaro está colocando os brasileiros em grave perigo ao incitá-los a não
seguir o distanciamento social e outras medidas para conter a transmissão da
COVID-19, implementadas por governadores no país inteiro e recomendadas por seu
próprio Ministério da Saúde", diz o relatório. "Ele também age de
forma irresponsável disseminando informações equivocadas sobre a
pandemia", continua o texto.
Ontem, o Brasil atingiu
1.056 mortes pela covid-19. O número representa uma alta de 144% em relação à
sexta-feira da semana passada, quando eram 432 vítimas fatais.
Para José Miguel Vivanco,
diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch, Bolsonaro tem
"sabotado" os esforços dos governadores e do seu próprio Ministério
da Saúde para conter a disseminação da covid-19, "colocando em risco a
vida e a saúde dos brasileiros".
"Para evitar
mortes com essa pandemia, os líderes devem garantir que as pessoas tenham
acesso a informações precisas, baseadas em evidências, e essenciais para
proteger sua saúde. O presidente Bolsonaro está fazendo tudo, menos isso", diz Vivanco.
A Human Rights Watch elenca
ainda uma série de medidas tomadas por Bolsonaro em meio à pandemia do novo
coronavírus, além de declarações feitas pelo presidente.
Entre elas, a decisão do
presidente em editar uma medida provisória, no dia 20 de março, para retirar
dos estados a competência para restringir a circulação de pessoas como forma de
conter a covid-19. Quatro dias depois, a medida foi derrubada por uma decisão
liminar do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A Human Rights Watch também afirma que, apesar
do "risco potencialmente fatal para a saúde dos brasileiros", desde o
início da crise Bolsonaro tem minimizado a gravidade da covid-19, chamando-a de
"gripezinha", "resfriado" e até de uma "fantasia"
criada pela imprensa.
O relatório diz ainda que,
ao "repetidamente" desconsiderar as recomendações de distanciamento
social e incentivar as pessoas que não são "idosas" a fazerem o
mesmo, o presidente as coloca em risco de contágio.
"Ele conclamou as
pessoas a participarem de uma manifestação pró-governo no dia 15 de março e
interagiu com os manifestantes, inclusive apertando as suas mãos. Na época, ele
deveria estar em quarentena, já que vinte e quatro pessoas de uma delegação
oficial que viajou com ele para os Estados Unidos haviam testado positivo para
o vírus", diz o texto.
A organização lembra ainda
que, em pronunciamento feito no dia 24 de março, Bolsonaro pediu para que os
brasileiros "voltassem à normalidade" e que a campanha publicitária
sob a hashtag #ObrasilNãoPodeParar, que seria veiculada pelo governo federal,
acabou impedida pela Justiça por contradizer as recomendações do Ministério da
Saúde.
Procurado pelo UOL, o
Planalto ainda não se manifestou sobre as críticas.
Brasil
ultrapassa mil mortes e Bolsonaro ignora isolamento
Ontem, no mesmo dia em que o
país passou dos mil óbitos, o presidente Jair Bolsonaro voltou a desrespeitar
as orientações de distanciamento social sugeridas pela OMS (Organização Mundial
de Saúde) e pelo próprio Ministério da Saúde. Ele chegou a coçar o nariz com o
punho e cumprimentar três pessoas na sequência, incluindo uma idosa.
Na manhã de sexta-feira,
Bolsonaro foi ao Hospital das Forças Armadas e, na volta, parou em uma
farmácia, onde posou para fotos com apoiadores. Questionado sobre o
comportamento contra o distanciamento social, respondeu: "Ninguém vai
tolher meu direito de ir e vir".
A presença do presidente
gerou aglomeração, justamente o que as autoridades de saúde não recomendam. As
pessoas que estavam próximas se dividiram em relação à atitude. Parte gritou
palavras de apoio, mas houve panelaços e protestos.
Fonte: Ana Carla Bermúdez do UOL, em São Paulo.
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