Já sabemos que as moscas apreciam bastante alimentos
apodrecidos, fezes, lixo e tudo o que há de mais ‘asqueroso’ no mundo. No
entanto, parece que temos subestimado o quão anti-higiênicos estes insetos
podem ser.
De acordo com um estudo publicado recentemente na Scientific
Reports, as moscas são na verdade um paraíso de bactérias, que são
transportadas às centenas por meio das asas e patas do inseto, e desembarcam em
nossa cozinha e alimentos.
O problema é que essas bactérias podem ter um impacto
significativo em nossa saúde. Logo, os autores argumentam que as organizações
de saúde têm negligenciado o papel que as pequenas moscas podem desempenhar nos
surtos de doenças. As informações são da IFLScience.
“As patas e as asas mostram a maior diversidade microbiana no
corpo da mosca, sugerindo que as bactérias usam as moscas como transportes
aéreos“, explicou Stephan Schuster, coautor do estudo. “Pode ser que as
bactérias sobrevivam a sua jornada, crescendo e se espalhando em uma nova
superfície. De fato, o estudo mostra que a cada passo que uma mosca dá, deixa
uma trilha de colônias microbianas, se a nova superfície suportar o crescimento
bacteriano“.
Para o estudo a equipe sequenciou microbiomas de 116 moscas
domésticas de três diferentes continentes, a fim de construir uma imagem da
diversidade dos micro-organismos que vivem nos insetos. Eles descobriram que,
em geral, as criaturas abrigavam mais de 600 diferentes tipos de bactérias, a
maioria delas responsáveis por causar danos à saúde humana. Curiosamente, eles
descobriram que as moscas de amostras colhidas em estábulos tinham uma menor
diversidade de bactérias em seus corpos do que as de ambientes urbanos.
Os cientistas, obviamente, já estavam cientes de que as
moscas podiam transmitir doenças. O que eles não sabiam, no entanto, era a
extensão desse problema. Por exemplo, eles verificaram que cerca de 15 moscas
estavam transportando em seu corpo a bactéria Helicobacter pylori, conhecida
por causar úlceras estomacais e gastrites em seres humanos. Porém, até então,
as moscas nunca haviam sido consideradas como um vetor para esta espécie de
bactéria.
Ainda que o estudo tenha implicações importantes para nossa
saúde – e os pesquisadores recomendam que você pense muito bem antes de fazer
um piquenique em um parque – ele possui outras aplicações interessantes, como
por exemplo, os insetos poderiam ser usados como “drones” vivos para
biomonitoramento natural. Isto é, os pesquisadores acreditam que as moscas
poderiam ser enviadas a regiões de difícil acesso para a colheita de amostras
de diferentes e pouco conhecidos microbiomas.
JORNAL CIÊNCIA
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