Nada como um bom advogado. A defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva conseguiu criar uma série de embaraços ao Supremo Tribunal
Federal, que podem livrá-lo da cadeia — ao menos por ora. Nesta terça-feira, os
ministros se reúnem para debater a revisão ou não das prisões em segunda
instância.
A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, estava firme
em não pautar o tema, mas pode ter que engolir uma manobra dos advogados que
força o retorno do julgamento.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o advogado de Lula e
ex-presidente da Corte, Sepúlveda Pertence, encontrou uma brecha para trazer de
volta a questão ao plenário, driblando a resistência de Cármen Lúcia.
O acórdão da liminar que estabelece o cumprimento antecipado
de pena foi publicado no dia 7 de março, e o Instituto Ibero Americano de
Direito Público entrou com embargo de declaração para a revisão do acórdão. O
relator da liminar, ministro Marco Aurélio Mello, pode colocar a revisão para
ser discutida no plenário.
Em outra frente, o ministro Gilmar Mendes rejeitou na noite
desta segunda-feira um habeas corpus coletivo, impetrado por um grupo de 10
advogados cearenses, a fim de garantir liberdade a todos os presos em segunda
instância.
Os juristas criticavam, no pedido, a resistência de Cármen
Lúcia em pautar as ações que poderiam rever o entendimento do tribunal a
respeito da prisão em segunda instância. Mendes disse que a decisão geraria uma
potencial quebra da normalidade institucional.
Além de Cármen Lúcia, o relator do caso Lula, Edson Fachin,
também disse ser contra a revisão do tema. Ambos, agora, podem ser driblados.
Será essa a pauta da reunião desta terça, que foi convocada pelo decano, Celso
de Mello.
O clima está “ótimo”. “Não fui eu que convoquei a reunião.
Celso de Mello achou conveniente conversar com os ministros”, afirmou Cármen
Lúcia. É possível que do encontro saia um acordo de meio-termo, em que a
antecipação de pena seja transferida para o término de recursos no Superior
Tribunal de Justiça.
POR EXAME
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