Ministro reage e diz para colega fechar escritório de
advocacia; Cármen Lúcia interrompe sessão
Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes voltaram a
discutir, na tarde desta quarta-feira, durante uma sessão do Supremo Tribunal
Federal (STF), levando a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, a
suspender a sessão. Barroso reagiu a uma fala de Gilmar e disse que o colega do
tribunal é “uma mistura do mau com atraso e pitadas de psicopatia”. Cármen
Lúcia interrompeu a discussão. No entanto, antes que os microfones fossem
desligados, Gilmar disse que Barroso deveria “fechar seu escritório de
advocacia”.
O bate-boca ocorreu no julgamento que avalia a
constitucionalidade das doações ocultas para campanhas eleitorais. Durante a
sessão, Gilmar Mendes fez um aparte para cobrar que pedidos de habeas corpus
tenham prioridade de julgamento conforme regra do tribunal — antes, Cármen
Lúcia havia informado aos ministros que marcou para amanhã a análise do habeas
corpus pedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro Gilmar Mendes durante a sessão acalorada no
STF‘Aqui ninguém é mais esperto que ninguém’, diz Gilmar Mendes sobre pauta do
STF
O ex-ministro Antonio Palocci é escoltado pela Polícia
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julgamento de habeas corpus
O ministro Gilmar Mendes, durante sessão da Segunda Turma do
STFProcuradores da Lava-Jato repudiam declaração atribuída a Gilmar Mendes
Advocacia-Geral da UniãoSTF adia julgamento de
auxílio-moradia, e AGU vai mediar impasse
Durante esse aparte, Gilmar e o ministro Edson Fachin,
relator do caso de Lula, já haviam trocados farpas sobre a análise de um pedido
da defesa do ex-ministro Antonio Palocci, preso pela Lava-Jato. Gilmar também
criticou a pauta do Supremo, que é uma responsabilidade da presidente da corte.
Cármen Lúcia tomou a palavra para apresentar seu contra-argumento na sequência.
O BATE-BOCA
Quando Gilmar já tinha voltado ao tema eleitoral, em
determinado momento fez referência a decisão de 2016, na qual a Primeira Turma
do STF revogou a prisão preventiva de cinco médicos e funcionários de uma
clínica de aborto. O voto que conduziu a decisão foi de Barroso.
— Claro que continua a haver graves problemas. [...] É
preciso que a gente denuncie isso! Que a gente anteveja esse tipo de manobra.
Porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, agora, eu
vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na
turma com três ministros. E aí a gente faz um 2 a 1”, disse.
Nesse momento, Barroso interrompeu Gilmar e o acusou de ter
“pitadas de psicopatia”.
— Me deixa de fora do seu mau sentimento. Você é uma pessoa
horrível. Uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não tem
nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo, Vossa Excelência aqui
fazer um comício, cheio de ofensas, grosserias. Vossa Excelência não consegue
articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o
ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para Vossa Excelência é ofender as
pessoas — afirmou Barroso.
Barroso continou suas críticas, dizendo que o colega
“envergonha o tribunal” e que é “penoso” conviver com ele:
— Vossa Excelência, sozinho, envergonha o tribunal. É muito
ruim. É muito penoso para todos nós ter que conviver com Vossa Exxcelência
aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse
que não é o da Justiça. É uma coisa horrosa, uma vergonha, um constragimento. É
muito feio isso.
Cármen Lúcia suspendeu a sessão, mas Gilmar Mendes insistiu
que estava com palavra, apenas para recomendar que Barroso feche seu
escritório:
— Eu continuo com a palavra. Presidente, eu vou recomendar ao
ministro Barroso que fecha o seu escritório. Feche o seu escritório de
advocacia — respondeu
O GLOBO
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