Em assembleias realizadas hoje
(13), trabalhadores dos Correios de diversos estados aprovaram o fim da greve
deflagrada ontem (12) e o retorno aos trabalhos a partir desta quarta-feira
(14). Segundo a federação da categoria, apenas dois estados ainda terão
assembleias nos próximos dias para avaliar a continuidade da paralisação: Rio
de Janeiro e São Paulo.
A decisão foi tomada após o
Tribunal Superior do Trabalho julgar ontem (12) o impasse sobre o plano de
saúde dos empregados. A direção dos Correios defendia a cobrança de mensalidade
dos funcionários e restrição do benefício apenas a estes. Os trabalhadores eram
contrários a qualquer mudança no sistema, que garantia seguro-saúde a dependentes
(incluindo pai e mãe) com pagamento por procedimento utilizado, e não por
parcela fixa mensal.
Centro de Tratamento de
Encomendas dos Correios em Benfica, zona norte da cidade, durante a greve
decretada após assembléia geral dos trabalhadores (Fernando Frazão/Agência
Brasil)
Trabalhadores dos Correios
encerram greve após decisão do TST sobre plano de saúde da categoria Fernando
Frazão/Agência Brasil
O item foi o principal impasse da
negociação do Acordo Coletivo de Trabalho, tendo sido encaminhado para análise
do TST. O tribunal aprovou a proposta do relator do processo, ministro Aloysio
Corrêa, prevendo o pagamento de mensalidades variando por idade e remuneração,
na modalidade de co-participação na qual os trabalhadores passam a ter que
arcar com 30% dos valores e a empresa, com 70%. Já pais e mães serão cobertos
pelo plano até o encerramento do ACT em vigor, em julho de 2019.
Em nota, os Correios informaram
que na tarde de hoje o TST determinou a manutenção de efetivo mínimo de 80% dos
trabalhadores em cada unidade, enquanto durasse o movimento.
Grande avanço
A diretoria dos Correios
classificou o julgamento do TST como um grande avanço. “A decisão ficou
distante da nossa proposta inicial, mas é um reconhecimento de que o custeio
tem que ser compartilhado e o primeiro passo importante para a sustentabilidade
do plano e dos próprios Correios”, avalia o presidente da empresa, Guilherme
Campos.
Jurisprudência rasgada
Já para a Federação Nacional dos
Trabalhadores do Correios (Fentect), o tribunal rasgou sua jurisprudência e
atingiu os trabalhadores, que terão dificuldades de arcar com os custos do
plano de saúde. Com o fim da greve, os sindicatos de trabalhadores se manterão
mobilizados para fazer a defesa da empresa contra as ameaças de privatização.
“Tenho 20 anos nos Correios e em
nenhum momento a empresa precisou de recursos da União para se manter. A
presença dela é papel do Estado brasileiro. Correios têm condição de dar lucro,
mas passou por ataque do próprio governo violento, que deixou a empresa
descapitalizada. É preciso melhorar a gestão e garantir investimentos para que
a companhia passe por este momento de crise”, defende José Rivaldo da Silva,
secretário-geral da federação.
Privatização
Hoje (13) pela manhã, o ministro
de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que
mesmo com o desfecho dado pelo TST o governo não descarta privatizar a empresa.
Ao dar entrevista ao programa Por Dentro do Governo, da TV NBR, Kassab disse:
“Ou os Correios diminuem suas despesas ou vão passar por um processo de
privatização”.
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