A candidata à Presidência da República pela Rede
Sustentabilidade, Marina Silva, adotou um discurso conciliador com o
agronegócio em evento que reuniu presidenciáveis e entidades do setor
agropecuário, na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em
Brasília, na tarde desta quarta-feira (29). A candidata foi ministra do Meio
Ambiente entre 2003 e 2008 e, à época, protagonizou divergências com o setor.
Logo no início de sua fala, Marina reafirmou seu compromisso
com o desmatamento ilegal zero, mas fez questão de salientar a importância do
setor agropecuário para a economia nacional.
“Estamos diante de uma situação em que a gravidade da crise
só não é maior em função da contribuição que os senhores têm dado para a nossa
economia”, disse ao lembrar que a produção agropecuária representa 44% das
exportações nacionais.
Para Marina Silva é possível aumentar a produção da
agricultura e da pecuária sem impactos o meio ambiente.
“Os produtores brasileiros já estão maduros para fazer uma
transição de uma agricultura extensiva e de baixa produtividade para uma
agropecuária produtiva, competitiva e sustentável do ponto de vista econômico,
ambiental e social”.
Segundo ela, foi o incremento das técnicas de plantio e de
criação de animais que viabilizaram o crescimento da produção em 80% em quatro
décadas.
“O agronegócio que está integrado às grandes cadeias globais
sabe fazer o dever de casa e já está fazendo”.
“É de conhecimento público que muitos produtores estão
fazendo o dever de casa, mais por conta própria do que em razão de política
pública”, afirmou ao reconhecer que “é baixo” o financiamento para agricultores
que querem ter lavoura com reduzida emissão de carbono.
“Nosso compromisso é dar suporte creditício”, prometeu. “O
que nós vamos fazer é ampliar cada vez mais, dentro dos recursos que são
destinados ao agronegócio o direcionamento para a agricultura de baixo
carbono”.
Marina salientou a disparidade de condições dos produtores,
como acesso à assistência técnica e a meios de produção mais sustentáveis. “Não
posso imaginar que o agronegócio é homogêneo porque ele não é. Estão aqueles
que começaram a fazer o dever de casa e aqueles que precisam de ajuda, como os
pequenos e médios produtores”.
Infraestrutura e segurança pública
O discurso da candidata em favor da “alta produtividade, alta
rentabilidade e também de alta sustentabilidade” se estendeu para logística e
infraestrutura. Em entrevista coletiva, após a fala aos empresários do
agronegócio, Marina Silva criticou as condições de armazenamento e o
funcionamento dos portos. “O Brasil perde 30% da produção agrícola por causa da
falta de infraestrutura logística de portos e armazenamento”
Ela também ressaltou que foi durante a sua gestão no MMA que
foram concedidos as licenças ambientais que autorizaram a construção das
hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (RO), a recuperação da BR-163 e as obras
de transposição do Rio São Francisco.
Segundo ela, essas licenças foram concedidas respeitando o
rigor técnico, com credibilidade ética e assegurando segurança jurídica.
“Quando a gente entende do assunto fica mais fácil dialogar”, disse ao se
referir à duplicação de trecho na BR-364.
Ao ser indagada pelos jornalistas sobre a liberação do porte
de arma, Marina Silva disse que a solução para a segurança pública no Brasil é
não permitir que bandidos usem armas e não distribuir arma para a população se
defender sozinha.
“Desse jeito é muito fácil: você se elege presidente da
República, numa situação que a segurança pública está um caos. Quem tem
obrigação de fazer isso é o Estado. A sociedade paga imposto muito caro para o
Estado prover saúde, educação e segurança”.
No mesmo evento, falaram ao longo desta quarta-feira os
candidatos à Presidência Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e Alvaro Dias.
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