A candidata Marina Silva (Rede) foi a segunda a participar de
diálogos com presidenciáveis promividos pelo Movimento Todos Pela Educação,
organização suprapartidária e sem fins lucrativos. O evento vai até a próxima
quarta-feira (15), quando os candidatos irão debater sobre o ensino no Brasil,
focado na educação básica.
Por enquanto, quatro dos 13 candidatos confirmaram presença.
A Agência Brasil acompanhará as discussões. Amanhã (14), será a vez do
candidato a vice-presidente na chapa do PT, Fernando Haddad. O candidato à
Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, participa dos debates na quarta-feira
(15).
A série de diálogos, que conta com apoio do jornal Folha de
S.Paulo, teve início na última sexta-feira (10), na capital paulista, com o
candidato Ciro Gomes (PDT).
Sugestões
O movimento Todos Pela Educação apresentou aos candidatos um
plano com sete metas para quatro anos de mandato. A primeira meta é atenção
especial à primeira infância, que inclui não só acesso a creches, mas direitos
básicos como saúde, esporte e lazer. A segunda é a valorização dos professores,
com investimentos em formação e organização de uma carreira, a fim de que os
docentes se preparem para o desafio de elevar o padrão da educação brasileira.
As metas três e quatro dizem respeito ao currículo escolar:
reformular o ensino fundamental (com foco na etapa do 6º ao 9° anos) e o ensino
médio, ampliando a educação em tempo integral e aprimorando a grade curricular,
bem como implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A quinta meta propõe ainda aprimorar o processo de
alfabetização para superar dados oficiais que indicam que 55% das crianças
ainda são analfabetas ao final do 3º ano do primeiro ciclo do ensino
fundamental.
A sexta proposta defende a atualização da gestão e da
governança da educação no país, com uma organização mais clara das competências
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a partir da
implantação do Sistema Nacional de Educação. A sétima e última meta trata do
financiamento e prevê a mudança das regras atuais para que a distribuição dos
recursos federais contemple as regiões mais necessitadas.
Propostas
Para a candidata Marina Silva, é preciso rever a emenda
constitucional aprovada em 2017, que cria um teto, por 20 anos, para os gastos
públicos. Para ela, a manutenção do patamar de investimentos significa também
manter os serviços públicos no mesmo nível que estão atualmente. “Nós vamos
discutir para que o Brasil não tenha que ficar com a educação que tem, a saúde
que tem, a menos que você advogue para que ela continue do mesmo jeito. Os
brasileiros não querem que o orçamento público não invista mais em educação,
saúde e segurança pública por 20 anos”, enfatizou.
De acordo com Marina, os principais serviços públicos
oferecidos pelo Estado brasileiro, incluindo a educação, estão aquém do
necessário, por isso a necessidade de retomar os investimentos. “Uma educação
que não funciona como nós gostaríamos, uma saúde que está no caos, uma
segurança pública que está no caos”, enumerou.
A candidata reforçou, entretanto, o compromisso em controlar
os gastos estatais. “Você ter
responsabilidade fiscal não significa que isso tenha que ser feito com prejuízo
à vida dos brasileiros na dimensão em que estão propondo”.
Ela destacou a importância de ensino superior e o ensino básico
fazerem parte de um único sistema, não como concorrentes na escala de
prioridades. “Quem coloca essas pessoas para darem boas aulas são as
universidades. Se elas não estão devidamente integradas no tripé da formação,
da pesquisa e da extensão, a gente vai ter o processo empobrecido”, ressaltou.
“A gente precisa criar uma equação onde haja um processo de
retroalimentação entre a base da pirâmide e o topo, que é quando se chega ao
ensino superior”, acrescentou. A candidata ponderou, no entanto, que é preciso
ter atenção à qualidade das formações. “Obviamente, nós vamos ter que trabalhar
a qualidade, uma boa parte dos problemas que temos hoje na formação dos
professores tem a ver com as políticas, de escolas que foram virando
verdadeiras indústrias sem a devida qualidade em prejuízo da formação dos que
mais necessitam”.
Edição: Carolina Pimentel
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