Após protestos que levaram ao cancelamento de audiências
públicas voltadas para a discussão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o
ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que o debate irá continuar e que
caberá ao Conselho Nacional de Educação (CNE) decidir quando o documento está
“maduro para ser votado”. “Estamos discutindo com todo mundo que quer discutir.
Transformar o debate em palanque político fica sempre muito difícil”, disse o
ministro após participar da abertura, em Olinda (PE), do 7º Fórum Nacional
Extraordinário da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime).
A BNCC é um documento que visa nortear os currículos
escolares de todo o país, definindo o mínimo que deve ser aprendido em cada
etapa de ensino. A BNCC que trata do ensino infantil e fundamental foi aprovada
no final do ano passado. Agora, a parte que trata do ensino médio está sendo
analisada pelo CNE. Para ampliar o debate, foram agendadas audiências públicas
em todas as regiões do país. Em algumas localidades, no entanto, os
conselheiros têm enfrentado manifestações por parte de professores e estudantes.
As audiências chegaram a ser canceladas em junho, em São Paulo e, na semana
passada, em Belém (PA).
A BNCC deverá ter como norte o novo ensino médio, que entre
outras medidas, determina que os estudantes tenham, nessa etapa de ensino, uma
parte do currículo comum e outra direcionada a um itinerário formativo,
escolhida pelo próprio aluno, cuja ênfase poderá ser em linguagens, matemática,
ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. O MEC defende que as
alterações deverão tornar o ensino médio mais atrativo, já que essa etapa tem
altos índices de abandono por parte dos alunos. O ministro defendeu a urgência
da aprovação da Base para que o novo modelo seja implementado: “Se não tivermos
o referencial da Base, o livro didático do ensino médio só vai mudar em 2025. É
uma decisão importante para o Brasil. Vamos continuar com esse mesmo modelo até
2025 ou vamos trabalhar a partir de agora com um modelo que pode ser melhor?”,
disse à jornalistas.
Base Nacional
A proposta do governo organiza a o currículo do ensino médio
por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e
ciências humanas. Apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática
aparecem como componentes curriculares, ou seja, disciplinas obrigatórias para
os três anos do ensino médio. As alterações são alvo de crítica de professores
e estudantes. “Tem muita confusão de informação. A BNCC não propõe o fim de
componentes curriculares, mas que sejam planejados em conjunto com áreas do
conhecimento. As redes vão definir a organização. Todas elas vão manter
componentes”, garantiu Soares.
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