O prefeito do Cabo de Santo Agostinho, na Região
Metropolitana do Recife (RMR), Lula Cabral (PSB), foi preso em operação contra
fraudes no instituto previdenciário, na manhã desta sexta-feira (19). O mandado
de prisão faz parte da Operação denominada “Abismo”, da Polícia Federal (PF),
busca a desarticulação de uma empresa que cometia fraudes em institutos
previdenciários em vários estados do País.
De acordo com a PF, as investigações da operação tiveram
início em março deste ano e apontam que foram transferidos mais de R$ 90
milhões de reais do instituto previdenciário do Cabo, que antes se encontravam investidos em
instituições sólidas, para fundos de investimento compostos por ativos
“podres”. Isso significa que não tem lastro e com uma grande probabilidade de
inadimplência futura. Este esquema coloca o risco de pagamento da aposentadoria
dos servidores do município e há possibilidade de já estarem prejudicados com a
ação.
Nesta sexta-feira, houve cinco mandados de prisão no Estado,
e até o fim da manhã, quatro já haviam sido cumpridas. Estão sendo cumpridos 18
mandados de busca, dois mandados de prisão temporária e quatro de prisão
preventiva. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região autorizou o
sequestro e o bloqueio dos bens e valores depositados em contas bancárias no
nome dos investigados.
Os suspeitos estão sendo indiciados por lavagem de dinheiro,
associação criminosa, crimes financeiros, corrupção ativa e passiva. A pena
desses crimes ultrapassa 30 anos de reclusão. Os presos serão levados para a
sede da Polícia Federal, na área central do Recife, onde deverão prestar
depoimento e serão encaminhados para o sistema prisional.
Esquema
De acordo com a delegada da PF, Andrea Pinho, dentro do
esquema havia uma empresa de fundos de investimentos que atuava de forma
irregular. “Para conseguir captar clientes, ela se associou a lobistas,
principalmente, aqui em Pernambuco, para fazer fundos de captação milionários.
Como é o caso do instituto desta cidade, em que houve a transferência de quase
cem milhões de reais”, explica a delegada.
De acordo com o também delegado da PF, Márcio Tenório,
lobistas, funcionários, o prefeito e parentes ligados ao instituto
previdenciário. “A gente nesse esquema, a associação criminosa, lavagem de
dinheiro e crime contra ao fundo previdenciário. A investigação aponta que 50%
de parte deste dinheiro já estava nesses fundos garantidos. Eles não poderiam
mexer nesses fundos”, confirma o delegado.
Números da operação
Segundo a investigação, que ocorre sob sigilo de justiça,
houve a atuação de 220 policiais federais em cumprimento de sessenta e quatro
ordens judiciais. No total, foram sendo 42 mandados de busca e apreensão, 10
mandados de prisão preventiva e 12 mandados de prisão temporária, nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba,
Goiás, Santa Catarina e no Distrito Federal. Estão sendo presos, empresários,
lobistas, advogados, políticos, religiosos e outras pessoas que de uma forma
tem participação com o esquema criminoso.
As medidas foram determinadas pelo Tribunal Regional Federal
da 5ª Região, que ainda autorizou o sequestro e bloqueio de bens e valores
depositados em contas em nome dos investigados.
JC Online / Foto: Leo Motta/JC Imagem
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