Intolerância: levantamento inédito contabilizou relatos de
agressões e ameaças contra pessoas em 18 estados e no DF nos últimos dez dias;
maior parte dos casos foi protagonizada por eleitores de Bolsonaro
Uma jornalista esfaqueada e ameaçada de estupro. Um carro
jogado em cima de um jovem com camiseta do Lula que conversava em frente ao bar
com os amigos. Uma jovem presa e agredida, jogada nua em uma cela da delegacia.
Outro jovem recebe um adesivo colado à força nas suas costas, com um tapa, e
depois recebe uma rasteira para cair no chão.
Todos esses ataques violentos aconteceram desde o dia 30 de
setembro, em meio ao acirramento da violência eleitoral. Um levantamento
inédito realizado pela Pública em parceria com a Open Knowledge Brasil revela
que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país.
A grande maioria dessas agressões foi feita por apoiadores de
Jair Bolsonaro, candidato do PSL que está à frente nas pesquisas eleitorais.
Isso mostra que as declarações de Bolsonaro que incitam a violência contra
mulheres, LGBTs, negros e índios e a violência policial estão ecoando país
afora e se transformaram em agressões físicas e verbais nestas eleições.
Por outro lado, seus eleitores ou pessoas relacionadas
receberam 6 ataques. Em um deles está o caso de um professor da Universidade do
Recôncavo Baiano (UFRB) que foi preso no dia 5 de outubro por atropelar
comerciantes que vendiam camisetas do presidenciável do PSL. Existem ainda
situações em que não é clara a afiliação política do agressor.
O levantamento inédito mostra como as situações de violência
se espalham pelo país inteiro e não podem mais ser vistas isoladamente.
Indagado sobre as ações de seus apoiadores, Bolsonaro tentou
minimizar a onda de violência política. “Eu lamento. Peço ao pessoal que não
pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que
me apoiam”, disse Bolsonaro ao UOL. “Está um clima acirrado, pela disputa, mas
são casos isolados que a gente lamenta e espera que não ocorram”, afirmou.
Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca em 6 de setembro que
o deixou em estado grave, enquanto fazia campanha em Minas Gerais. O agressor,
Adélio Bispo de Oliveira, confessou o crime e está preso.
Entre os casos contabilizados pela reportagem da Pública, 14
aconteceram na região Sul, 32 na região Sudeste, 18 na região Nordeste, 3 na
região Centro-Oeste e 3 na região Norte. Embora tenha havido também dezenas de
casos de ameaças pelas redes sociais, o levantamento incluiu apenas casos de
agressões e ameaças feitas ao vivo. Nesses episódios, a integridade física de
pessoas ficou em risco por causa do ódio ligado à disputa eleitoral.
A partir de hoje, a organização Open Knowledge Brasil e a
Brasil.io, em parceria com a Pública, vão recolher e monitorar casos de agressões
ligadas às eleições de 2018. Os casos serão publicados no site Vítimas da
Intolerância. Se você tem uma denúncia, envie pelo site.
OURICURI EM FOCO
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