Uma candidatura coletiva foi eleita pela primeira vez no
estado de São Paulo. A Bancada Ativista, formada por nove ativistas políticos
de diversas áreas, recebeu 149.844 votos e foi a 10ª candidatura mais votada no
estado no pleito para a Assembleia Legislativa.
É a primeira vez que uma candidatura coletiva vence as
eleições em um grande colégio eleitoral, após experiência similar obter sucesso
elegendo, em 2016, um mandato coletivo na Câmara dos Vereadores em Alto Paraíso
(GO). Na cidade goiana, o grupo é composto por cinco pessoas.
A Bancada Ativista, representada nas urnas pela jornalista
Mônica Seixas (PSOL), tem integrantes de diferentes correntes políticas, como
filiados aos partidos Rede e PSOL, e também pessoas sem ligação formal com
nenhuma legenda.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não reconhece, no
entanto, candidaturas coletivas. O grupo teve de escolher um nome para
representá-lo nas urnas, e irá ocupar uma única cadeira no Parlamento.
“Somos um gabinete coletivo. Formalmente, sou eu que sento na
cadeira de deputado, mas sou apenas porta-voz do grupo. Cada um deles será
registrado como assessor parlamentar. Nós não temos relação hierárquica entre
nós, e as decisões são tomadas em conjunto”, destacou Mônica Seixas.
A nova forma de participação política não só atraiu
expressivo número de votos, mas também fez com que a candidatura alcançasse o
maior financiamento coletivo do país, considerando a disputa para deputado
estadual: R$ 72 mil doados por cerca de 700 pessoas.
“A Bancada é um movimento suprapartidário, dedicado a eleger
ativistas para o Poder Legislativo em São Paulo. Composto por cidadãs e
cidadãos com atuação em diversas causas sociais, econômicas, políticas e
ambientais, visa a oxigenar a política institucional com a construção coletiva
de campanhas e mandatos, com grande foco em transparência, pedagogia e
participação”, destaca o texto de apresentação no sitedo grupo.
As propostas da bancada estão concentradas em sete linhas
principais: “combate às desigualdades”; “educação e saúde libertadoras”;
“cidades como espaços de produção de cultura”; “habitação e mobilidade para
podermos ser e estar”; “segurança justa e humanizada”; “integração do social com
o ambiente”; e “democracia de verdade”.
Mônica Seixas, moradora de Itu (SP), destacou-se como
liderança popular no período em que o município enfrentou um severo
desabastecimento de água, em 2014. Foi candidata a prefeita da cidade na última
eleição, é feminista, negra e ativista socioambiental.
Os demais ativistas são Anne Rammi, ciclista e ativista de
causas ligadas à maternidade; Chirley Pankará, Indígena e pedagoga; Claudia
Visoni, jornalista, ambientalista e agricultora urbana; Erika Hilton, transexual,
negra e ativista de direitos humanos; Fernando Ferrari, militante contra o
genocídio da juventude periférica e da participação popular no orçamento
público.
Também fazem parte Jesus dos Santos, imigrante mordestino,
militante da cultura, da comunicação e do movimento negro; Paula Aparecida,
professora da rede pública, feminista e ativista pelos direitos dos animais; e
Raquel Marques, sanitarista, ativista pela equidade de gênero e do parto
humanizado.
AGÊNCIA BRASIL
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