Por:
Visão do Araripe
Após
protestos contra cortes na Educação se alastrarem por diversas cidades do País,
o governo decidiu reduzir em R$ 1,59 bilhão o bloqueio de recursos para a pasta.
O dinheiro sairá da reserva que a equipe econômica vinha mantendo para fazer
frente a emergências ou a novas frustrações na arrecadação, diante do cenário
pessimista para a economia neste ano.
A
medida não tornou o Ministério da Educação (MEC) imune ao arrocho orçamentário.
A pasta continuará com R$ 5,4 bilhões contingenciados. Houve, na verdade, um
alívio no contingenciamento que já estava programado desde março e a pasta
ficou livre de bloqueio adicional.
O
secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, admitiu que a medida foi
fruto de "decisão política", mas evitou carimbá-la como reflexo das
manifestações ocorridas na semana passada.
Segundo
ele, o fôlego dado ao MEC e ao Ministério do Meio Ambiente (de R$ 56,6 milhões)
foi baseado em critérios técnicos e ratificado pelo conselho de ministros.
"Governar é estabelecer prioridades", disse Rodrigues. "O
cobertor é curto."
Em
março, o governo anunciou que R$ 29,8 bilhões do Orçamento teriam de ser
contingenciados. A medida atingiu todas as pastas e colocou a máquina pública
sob risco de apagão nos serviços. Apesar disso, o governo identificou a
necessidade de bloquear outros R$ 2,2 bilhões para assegurar o cumprimento da
meta fiscal deste ano, que permite déficit de R$ 139 bilhões.
Isso
ocorreu porque a equipe econômica reduziu a estimativa de alta no PIB de 2,2%
para 1,6% - o mercado está ainda mais pessimista, esperando avanço de apenas
1,24%. Quando o País cresce menos, entram menos receitas com tributos nos
cofres do governo. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que, caso
haja risco de descumprimento da meta fiscal, o governo deve contingenciar
recursos para segurar gastos.
Lideranças
políticas chegaram a relatar que o presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro
da Educação, Abraham Weintraub, para reverter a situação e não impor novos
bloqueios à área. À época, Casa Civil, MEC e Economia negaram solicitação nesse
sentido.
Em
meio ao desgaste político provocado pelas manifestações, a Junta de Execução
Orçamentária (formada pelos ministros da Economia e da Casa Civil) decidiu
barrar o aperto adicional a órgãos públicos como um todo, numa decisão
chancelada pelos demais ministros.
Para
isso, o "colchão de segurança" que até então contava com R$ 5,4
bilhões, foi reduzido. Foi dessa reserva que "saíram" recursos para
desafogar MEC e Meio Ambiente. A reserva ficou com margem menor, de só R$ 1,56
bilhão, para emergências e absorver nova baixa das expectativas de arrecadação.
Fonte: Jornal
O Estado de SP
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