Ministro
da Economia afirmou que pode liberar dinheiro de contas ativas e inativas. Ele
sinalizou a medida no dia em que IBGE anunciou queda de 0,2% no PIB entre
janeiro e março.
Por: Visão do Araripe
O
ministro da Economia, Paulo
Guedes, afirmou nesta quinta-feira (30) que, para estimular o
reaquecimento da economia, o governo estuda a liberação de recursos dos
trabalhadores depositados em contas inativas e ativas do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS).
Guedes
sinalizou a medida no dia em que foi anunciada uma retração do Produto Interno Bruto
(PIB) no primeiro trimestre deste ano.
Responsável
pela política econômica do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes ressaltou,
entretanto, não vai buscar implementar "truques, nem mágicas" para
estimular a economia, mas que vai buscar fazer "reformas sérias".
Segundo
ele, medidas artificiais de estímulo à economia, como uma
"liberaçãozinha" de recursos, ou corte artificial dos juros, já foram
implementadas no passado sem sucesso, gerando o que ele classificou como um
padrão de "voo de galinha" na economia (crescimento baixo e
inconsistente).
"O
sonho do crescimento está ao alcance de nossas mãos. Basta implementar as
reformas. Como está demorando a implementação das reformas, revisões [de alta
do PIB] foram acontecendo para baixo. Me
perguntaram isso: 'a economia não está respondendo?'. Eu disse, 'respondendo a
que?' Não fizemos nada ainda", declarou o ministro da Economia.
"O
voo da galinha, já fizemos várias vezes. Faz uma liberaçãozinha aqui, baixa
artificialmente os juros para reativar a economia. Aliás, foi assim que o
último governo caiu, caiu por irresponsabilidade fiscal, juros baixos, tentando
estimular a economia. Nós não vamos fazer truques, nem mágicas, vamos fazer as
reformas sérias", complementou.
Taxa
de juros
Questionado sobre se o Banco Central
poderia baixar a taxa Selic para encorajar o crescimento da economia, Paulo
Guedes afirmou que “voluntarismo” com a política de juros pode resultar no
aumento da inflação, como aconteceu, em sua visão, no governo Dilma Rousseff.
"Você
só pode baixar os juros se tiver o regime fiscal em pé. Então, na hora que voce
fizer a reforma da Previdência, as expectativas vaão ser de equilíbrio fiscal
e, na mesma hora, os juros vão começar a descer no mercado. E o Banco Central
deve sancionar [essa queda de juros do mercado reduzindo também a Selic]. Mas
tudo isso exige as reformas antes."
Liberação de FGTS para
trabalhador
Apesar disso, o ministro também disse
que a equipe econômica está estudando medidas de estímulo à economia, mas
acrescentou que, a princípio, elas seriam adotadas depois da aprovação da
reforma da Previdência Social na Câmara dos Deputados . A expectativa do
governo é de que isso aconteça nas próximas semanas.
Desse
modo, segundo sua análise, essas medidas funcionariam como uma
"chupeta" em um carro com problemas na bateria.
"Vamos
liberar PIS/Pasep, FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço], mas assim que
saírem as reformas. Se abre essas torneiras sem as mudanças fundamentais, é o
voo da galinha. Você voa três quatro meses porque liberou, e depois afunda tudo
outra vez. Na hora em que fizer as reformas fundamentais, e aí sim libera isso,
é como se fosse a chupeta de bateria [de carro, ou seja, um estímulo inicial ao
PIB]. Senão, anda três metros e para tudo outra vez", declarou.
Em
seguida, porém, ele afirmou que essas medidas já estão prontas e podem ser
anunciadas nas próximas semanas, antes mesmo da aprovação da reforma da
Previdência.
"Cada
parte da nossa equipe está trabalhando em um programa, e você não controla o
'timing'. Pode ser que a Argentina anuncie em duas semanas que quer o acordo conosco,
e aí fechamos com a Europa [zona de livre comércio] também. Pode ser em duas
semanas, mas pode ser que saia em cinco semanas. Se sair em cinco, vai ser
depois da reforma da Previdência", acrescentou.
Segundo
Guedes, a liberação de recursos das contas do PIS/Pasep seria anunciada hoje,
mas explicou que o governo preferiu aguardar para examinar também a
possibilidade de autorizar desembolsos de recursos dos trabalhadores no FGTS.
"O
PIS/Pasep já estamos prontos para disparar. Íamos disparar hoje, e aí fomos
examinar também o FGTS. Atrasou um pouquinho o PIS/Pasep. Liberação de contas
inativas [do FGTS] lá atrás. As pessoas podem até buscar os recursos e podemos
fazer um esforço extra para localizar. Tudo isso está sendo cuidado. [Contas]
Inativas e ativas também [seriam liberadas]. Cada equipe está examinando isso.
Nos não batemos o martelo ainda, mas todas equipes estão examinando isso".
Retomada da economia
O ministro declarou que o governo já
estava "contando" com a economia "bastante estagnada" no
primeiro trimestre deste ano, mas disse que também está "confiante"
de que a retomada virá nos próximos meses, com a aprovação das reformas.
"As
pessoas têm de entender que precisamos das reformas justamente para retomar o
crescimento. A Previdência é apenas a primeira delas, que garante as
aposentadorias, vai criar um estimulo a formação de poupança no Brasil, e vai
dar um horizonte fiscal de 15, 20 anos na parte fiscal. Então os investimentos
privados serão retomados", afirmou.
Paulo
Guedes disse que o governo também buscará aprovar a reforma tributária, além de
baratear o custo de energia e implementar o pacto federativo para
descentralizar os recursos para estados e municípios.
"Os
investimentos de fora vão começar a entrar também à medida que o Brasil
implemente as reformas. Estamos absolutamente seguros que, fazendo essas
reformas estruturais, o Brasil vai retomar o crescimento sustentado",
declarou.
Fonte: Alexandro Martello - G1 - Brasília.
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