Barragem de Jucazinho - Pernambuco
5 milhões de pessoas em Pernambuco ameaçadas
de ficarem sem água , segundo estudo.
Por:
Visão do Araripe
Mais
de 32 milhões de moradores dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro correm,
atualmente, o risco de sofrer com falta de abastecimento de água, de acordo com
levantamento da ANA (Agência Nacional de Águas). A marca representa mais da
metade da soma (51,6%) da população dos dois estados. No total do país, 60,9
milhões estariam sob ameaça de ficar sem água -- uma parcela de 29,2% dos 208,5
milhões de habitantes estimados pelo IBGE.
No
estado de São Paulo, são 20,5 milhões de pessoas sob risco de desabastecimento,
o equivalente a 45,1% da população de 45,5 milhões. No estado do Rio, o risco
ameaça 11,8 milhões, o que representa 68,6% dos 17,1 milhões de habitantes.
O
estudo indica que essas 32 milhões de pessoas no Rio e em São Paulo já estão
sob o risco de falta d'água caso eventos como uma estiagem mais severa atinjam
a região nos próximos meses, por exemplo. Atualmente, porém, o volume dos
principais reservatórios dos dois estados está acima do registrado em 2015, ano
marcado por uma crise hídrica.
Segundo
a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo), o volume
armazenado nos principais reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo
hoje é de 76,6 %, quatro vezes maior que o registrado na mesma data em 2015,
quando o volume registrado era de 18,3%.
No
Rio de Janeiro, de acordo com a ANA, o volume dos principais reservatórios do
sistema Paraíba do Sul, o mais importante da região, é de 55,8%, mais que o
triplo dos 16% registrados no mesmo período de 2015.
Segundo
a agência, a maior parte desta população enfrenta uma situação em que as fontes
já não oferecem água suficiente para o pleno atendimento da demanda. Ou seja, o
consumo entrou em uma espécie de "cheque especial", superando o
volume previsto de água disponível. Uma proporção menor vive em situação de
risco iminente, isto é, a demanda está se aproximando da oferta, e a ameaça de
ficar sem água está próxima.
As
contas se baseiam em um novo índice elaborado pela ANA: o ISH (Índice de
Segurança Hídrica), que aponta a quantidade de moradores em risco levando em
consideração a oferta de água para a população, a oferta para a produção
econômica, a vulnerabilidade dos mananciais e o potencial dos estoques de água.
Estados mais críticos
Com
os dados da agência e projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), a reportagem calculou o percentual da população em risco em cada
unidade federativa. A proporção de moradores do Rio sob risco é a maior do
país, embora em números absolutos a quantidade de habitantes de São Paulo sob
ameaça seja maior.
Marcelo
Cruz, diretor da ANA, classifica a situação no Rio e em São Paulo como crítica
em virtude da densidade populacional e da necessidade de utilização da água em
contraponto à estrutura existente.
De
acordo com o estudo da agência, dois estados do Nordeste também enfrentam
situações graves. As 5 milhões de pessoas ameaçadas de ficar sem água em
Pernambuco representam 53,4% da população do estado. Na Paraíba, há 1,8 milhão
sob risco, o equivalente a 45,8% dos habitantes.
A ANA
alerta que, se nada for feito, o número de habitantes sob risco no país
aumentará em 21% até 2035 e chegará a praticamente 74 milhões.
Para
combater o problema, a agência propõe a realização de uma série de obras nos
próximos anos. São ao todo 99 obras consideradas prioritárias, como dutos,
canais e barragens. Estima-se elas custarão R$ 27,6 bilhões. Parte delas seria
de responsabilidade do governo federal, e a outra caberia a governos estaduais.
"O
Brasil tem 12% da água doce do mundo, mas ela está basicamente na região Norte.
Diferentemente do setor elétrico, a gente não tem linhas de transmissão para
fazer a distribuição [da água]. Esta infraestrutura proposta, grosso modo,
seria como as linhas de transmissão para que a gente chegue com a água nos
diversos lugares, nos diversos atendimentos e seus usos todos", diz o
diretor da ANA.
A
lista de obras faz parte do Plano Nacional de Segurança Hídrica, desenvolvido
em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional e lançado
recentemente. Segundo Marcelo Cruz, o plano não contará com uma verba
específica, mas poderá orientar os orçamentos públicos dos próximos anos.
De 2016
para cá, o governo federal tem investido cerca de R$ 1 bilhão por ano em
segurança hídrica. Será necessário, portanto, ampliar os investimentos.
"Este plano dá um norte. E podem acontecer investimentos privados que
desonerem o investimento público", declara o diretor da ANA.
De
acordo o plano, as nove obras previstas no Rio de Janeiro custariam R$ 5,1
bilhões e as 15 sugeridas para São Paulo exigiriam um investimento de R$ 2,8
bilhões. O estudo projeta que elas seriam capazes de praticamente acabar com o
risco hídrico nestes estados.
Plano prevê novas obras de aproveitamento das águas do rio São Francisco Imagem: Tiago França/MPF/PB
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