O volume de consumidores com contas em atraso voltou a subir
em todo o país. No último mês de agosto aumentou em 3,63% a quantidade de novos
inadimplentes na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são
apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo
Serviço de Proteção ao Crédito a partir das bases às quais as duas instituições
têm acesso. Trata-se do 11º crescimento consecutivo na comparação anual da
série histórica, apesar de a alta ser mais modesta do que nos meses de junho
(4,07%) e julho (4,31%). Em número absoluto, estima-se que aproximadamente 62,9
milhões de brasileiros estejam com restrições ao CPF, enfrentando dificuldades
para controlar empréstimos, obter financiamentos ou realizar compras parcelas,
o que representa 41% da população brasileira adulta.
Se na comparação anual houve um aumento de brasileiros com
contas atrasadas, na comparação mensal a inadimplência apresentou ligeira
queda. Na passagem de julho para agosto, sem ajuste sazonal, diminuiu em -0,71%
a quantidade de pessoas inadimplentes. É a segunda queda mensal seguida
observada pelo SPC Brasil.
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salarial 2017
Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa,
apesar de o pequeno recuo nos últimos 30 dias, a inadimplência segue elevada,
refletindo as dificuldades econômicas do país. “A recuperação econômica mais
lenta do que o esperado cria dificuldades para a gestão do orçamento das
famílias, frustrando planos e a volta do consumo. A reversão desse quadro passa
por uma aceleração da atividade econômica, em especial, do emprego e renda, que
são os fatores que mais pesam para a confiança do consumidor”, explica o
presidente.
Inadimplência cresce 10,52% no Sudeste; com 49% da população
adulta com pendências financeiras, Norte é a região com maior proporção de
inadimplentes
A análise do indicador por região mostra que a inadimplência
avançou de forma generalizada. Apenas no Sudeste o aumento foi de 10,52% na
quantidade de devedores. Em segundo lugar ficou a região Norte, com alta de
3,76%, seguida do Nordeste (3,22%), Sul (2,67%) e Centro-Oeste (1,87%).
De acordo com a estimativa, proporcionalmente, a região que
concentra o maior número de inadimplentes é o Norte: 49% da sua população
adulta está com o CPF restrito, o que representa 5,9 milhões de consumidores
negativados. A segunda região mais inadimplente é o Nordeste, que tem 43% dos
adultos com contas em atraso ou 17,4 milhões de consumidores com restrições ao
crédito. No Centro-Oeste são 5 milhões de inadimplentes (42% da população
adulta local), no Sudeste há um total de 26,1 milhões de negativados (39% dos
residentes acima de 18 anos) e no Sul, aproximadamente 8,5 milhões de pessoas
com pendências financeiras (37% da população adulta).
Inadimplência cresce mais entre idosos e cai entre população
jovem
O indicador ainda revela que é entre a população mais velha
que se observa o aumento mais acentuado da inadimplência. Na comparação entre
agosto de 2018 com agosto de 2017, aumentou em 9,56% a quantidade de
inadimplentes com idade de 65 a 84 anos. Considerando apenas os brasileiros de
50 a 64 anos, a alta foi de 6,26%, enquanto na população de 40 a 49 anos, houve
um aumento de 4,77% no número de negativados. Entre os consumidores de 30 a 39
anos, a alta da inadimplência foi de 1,69% em agosto.
A inadimplência apresentou queda somente entre os mais
jovens. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve um recuo considerável
de -23,20%, ao passo que entre os brasileiros de 25 a 29 anos, a queda foi de
-5,63%.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque
Pellizzaro Junior, o comportamento distinto entre as faixas etárias é reflexo
da entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e também da permanência
prolongada dos idosos como força produtiva do país. “Fora do mercado de
trabalho pelas mais diversas razões, seja estudo, desemprego ou por opção,
muitos desses brasileiros acabam ficando também fora do mercado de crédito,
reduzindo o contingente de potenciais inadimplentes. Já entre os idosos, que
estão permanecendo por mais tempo no mercado de trabalho, a renda mais curta
nessa faixa etária e o aumento expressivo de gastos com saúde, por exemplo,
podem desajustar o orçamento”, analisa Pellizzaro Junior.
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