Imposição de tarefas, jornadas exaustivas, cobranças
excessivas. Todo estudante já passou por algumas dessas situações no ambiente
acadêmico. Mas o que poucas pessoas sabem é que essas pressões podem estar
diretamente ligadas ao desenvolvimento de depressão, ansiedade e tristeza. A
Universidade de Brasília (UNB) passa por um situação parecida no Campus Gama.
Lá os alunos não têm encontrado motivos para sorrir.
O Gama é o polo de cinco engenharias: automotiva, energia,
eletrônica, aeroespacial, software. Esse campus fica a 35 km da capital federal
e, por conta disso, os futuros engenheiros ficam afastados do convívio com
familiares e outras áreas do conhecimento. A consequência é o grande número de
desistências e, alguns casos, de depressão por conta do excesso de disciplinas,
provas e outras atividades acadêmicas.
Foi diante desse cenário que a felicidade foi parar na grande
curricular da UNB. Essa disciplina já existe nas universidades americanas de
Harvard e Yale, que foram as pioneiras. Na UNB, a iniciativa partiu do
professor Wander Pereira, doutor em Psicologia e docente do curso de Engenharia
de Software. “Essa ideia foi fortalecida também com a Comissão de Saúde
Mental.Juntos, percebemos as dificuldades do alunos e a necessidade de ações
como essa”, explicou.
Wander reconhece que a felicidade não é um estado permanente
e que é um sentimento que depende de muitos fatores. “Não vamos apresentar uma
receita pronta, mas vamos oferecer ajuda para que, sozinhos, eles aprendam a
desenvolver estratégias para enfrentar este tipo de situação. Muitos também
confundem um momento de tristeza e angústia com depressão. Por isso, vamos
exercitar bastante o autoconhecimento para que eles consigam compreender essas
diferenças”.
Para a primeira turma de felicidade, foram oferecidas 240
vagas, que já foram preenchidas na fase de pré-matrícula. “A disciplina pode
ser cursada por alunos de qualquer graduação e campus. Apesar de constar na
grande dos cursos de engenharia, ela é um disciplina optativa”, informou.
Com um carga horaria de 60 horas, a disciplina da felicidade
não contará com provas. Tudo que será necessário para conclui-la é criar
qualquer produto que gere felicidade no campus. “Os alunos que vão cursar a
matéria terão a missão de conhecer os outros estudantes, conversar com eles,
entendê-los para criar esse produto. Pode ser qualquer coisa, uma peça teatral,
uma música, um aplicativo. O importante é tornar tudo mais leve e feliz”,
adiantou o professor.
A expectativa de Wander para o início da disciplina – que começa
agora em agosto, quando voltam as aulas do segundo semestre de 2018 – é bem
positiva. “Eu não me sinto sozinho, estou recebendo muito apoio. Tanto dos
coordenadores e professores da UNB, como de pessoas de fora. Eu não tinha ideia
da repercussão que a iniciativa iria provocar. É muito bom ver que as pessoas
se interessam por esse assunto. Não é um trabalho fácil, não sabemos o que
vamos encontrar e como os estudantes vão reagir, mas esse apoio ajuda muito”,
conclui otimista.
A LÍNGUA
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