Vinte e dois governadores – entre eleitos e reeleitos este
ano – vão iniciar o mandato em 2019 com um grande problema nas mãos: levar
saneamento básico a centenas de municípios deficitários, sem precisar aumentar
a tarifa de água e esgoto. Por este motivo os gestores se posicionaram
contrários à Medida Provisória (MP) nº 844/2018 tal como se encontra, e pedem
uma imediata revisão do texto, especialmente do Artigo 10-A. A carta assinada
pelos governadores foi publicada nesta quarta-feira (7) em jornais de
circulação nacional.
No texto da carta, os governadores ressaltam que da forma
como foi aprovado o relatório do senador Valdir Raupp – relator da Comissão
Mista que analisou a MP -, fará com que o setor de saneamento tenha riscos de
desestruturação e de piora das condições fiscais dos governos estaduais, além
do agravamento das desigualdades. E, ao contrário do que diz o governo federal,
os gestores não acreditam que a MP 844 possibilitará o avanço da
universalização do saneamento.
Os governadores também falam sobre a falta de estímulo do
governo federal para aumentar as parcerias entre o setor privado e os
prestadores de serviços estaduais. Seguindo a linha de pensamento de todas as
entidades representantes das companhias públicas, eles também acreditam que o
Artigo 10-A fará com que o setor privado se interesse unicamente pelos
municípios rentáveis, enquanto a maioria dos municípios, pequenos e pobres, e
aqueles onde há escassez hídrica, sejam relegados e fiquem sem solução. Desta
forma, os municípios mais ricos irão avançar na universalização, em detrimento
dos mais pobres, que ficarão estagnados.
A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento
(Aesbe) tem alertado, desde novembro de 2017, que o artigo 10A da Medida
Provisória 844 irá pulverizar a participação do setor privado no saneamento.
Para o presidente da Aesbe, Roberto Tavares, os governadores desempenharam um
papel muito importante ao se posicionarem neste momento. “O governo federal
precisa acatar o que os governadores pedem. São eles que vão governar os
Estados e sentir na pele os efeitos negativos que a MP proporcionará, caso seja
aprovada da forma em que está“, ressaltou.
Assinaram a carta os seguintes governadores:
AL – Renan Filho
(governador atual/reeleito)
BA – Rui Costa (governador atual/reeleito)
CE – Camilo Santana (governador atual/reeleito)
DF – Rodrigo Rollemberg (governador atual)
ES – Paulo Hartung (governador atual)
GO – José Eliton (governador atual)
MA – Flávio Dino (governador atual/reeleito)
MG – Fernando Pimentel (governador atual)
MS – Reinaldo Azambuja (governador atual)
PA – Hélder Barbalho (governador eleito)
PB – Ricardo Coutinho (governador atual) e João Azevedo
(governador eleito)
PE – Paulo Câmara (governador atual/reeleito)
PI – Wellington Dias (governador atual/reeleito)
PR – Cida Borghetti (governadora atual) e Ratinho Júnior
(governador eleito)
RN – Fátima Bezerra (governadora eleita)
RR – Suely Campos (governadora atual)
RS – José Ivo Sartori (governador atual) e Eduardo Leite
(governador eleito)
SE – Belivaldo Chagas (governador atual/reeleito)
SP – João Dória (governador eleito)
Por Carlos Britto
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