quarta-feira, 2 de maio de 2018

COM AUMENTO DE 95%, SALARIO NA VENEZUELA CHEGA A 2.555.500 MESMO ASSIM SÓ DÁ PRA COMPRAR UM KILO DE CARDE



Valor do salário mínimo venezuelano será de 2.555.500 bolívares — ou R$ 133. Seriam necessários 29 salários para comprar uma cesta básica
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou um aumento de 95% no salário mínimo nesta segunda-feira (1). O valor do salário agora chega a 2.555.500 bolívares, sendo Bs 1.000.000 de pagamento mínimo e outros Bs 1.555.500 de abono alimentação. Em moeda brasileira, o novo salário mínimo venezuelano vale R$ 133. No país vizinho, esta quantidade de dinheiro compra 1 quilo de carne bovina.

A situação econômica da Venezuela, que registra hiperinflação na casa do 2.000% ao ano, é tal que o anúncio do aumentou gerou reclamações. Nas redes sociais, muitos venezuelanos dizem que o salário mínimo maior fará os preços aumentarem.

Compare o salário mínimo brasileiro com o de outros dez países

Em levantamento informal feito pelo jornal venezuelano El Nacional, o preço de um quilo de carne bovina custava, no domingo (29), Bs 2.245.000 (R$ 117,73). Já um quilo de peito de frango custava Bs 3.000.000 (R$ 157,32). Um pacote de 2,7 quilos de sabão em pó saía por Bs 2.900.00 ( R$ 152,08).

Logo após o anúncio, venezuelanos começaram a registrar no Twitter, comparações entre os preços dos produtos nos supermercados e o valor do novo salário mínimo. Em um deles, uma mulher registra que com os Bs 2.555.500 conseguiu "comprar 1 quilo de carne e 3 cebolas".

De acordo com levantamento de preços feito este mês pelo Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores, seria necessário receber 29 salários mínimos para comprar uma cesta-básica.

Outra usuária venezuelana do Twitter registrou o valor dos medicamentos: "Será que Maduro sabe que este valor [do novo salário mínimo] compra três comprimidos de antibiótico?"

                              
Por que a inflação chega a mais de 2.000%?

A queda do petróleo, principal item na exportação venezuelana, a partir de 2014, foi a maior causa para uma espiral inflacionária que fez o país atingir uma inflação de 2.300% em 2017. O preço da commodity caiu de US$ 115 (R$ 402) na época, para até os cerca de R$ 37 (R$ 129) atuais.

Sem os recursos do petróleo e com uma política rígida de controles de preços e salários, aliada a gastos sociais elevados, a economia ficou sem sustentação, já que, também por razões políticas, os investidores também pararam de enviar dólar para o país.

Além disso, com a escassez de capital, os pagamentos passaram a atrasar, o que afugentou ainda mais as empresas que exportavam para a Venezuela.

Sem a entrada de dólares, o bolívar venezuelano se desvalorizou de forma brutal, perdendo até 63% de seu valor, o que é determinante para o aumento da inflação.

Em vista do aumento absurdo nos preços, o governo anunciou o corte de três zeros da moeda. A partir de junho, 1 milhão de Bolívares Fortes — nome atual da moeda venezuelana — passarão a valer 1 mil Bolívares Soberanos.

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