quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Trabalhadores da Caixa repudiam declarações de Paulo Guedes e denunciam privatização


Sindicatos e federações de trabalhadores têm denunciado as tentativas de desmonte do banco público nos governos Temer e Bolsonaro - Créditos: Arquivo/Seeb-SP
Sindicatos e federações de trabalhadores têm denunciado as tentativas de desmonte do banco público nos governos Temer e Bolsonaro / Arquivo/Seeb-SP
A Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae) divulgou nesta segunda-feira (7) uma nota em repúdio às declarações de Paulo Guedes, ministro da economia do governo Bolsonaro (PSL). Pela manhã, durante a posse dos novos presidentes da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guedes afirmou que a Caixa “foi vítima de saques, fraudes e assaltos aos recursos públicos”.

Segundo a Fenae, “o que se busca claramente hoje é macular a imagem da Caixa, a fim de obter o apoio necessário à onda de privatizações que se aproxima”.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o coordenador-geral da Fenae, Jair Pedro Ferreira, questionou a eficácia da estratégia de privatização, que está no horizonte do governo Bolsonaro. "A 'iniciativa privada' é conversa mole. Porque a Caixa, com todos os ataques que ela vem sofrendo, vai dar 2 bilhões de lucro. A privatização pra gente, trabalhadores e trabalhadoras, pessoas que carecem, que precisam de incentivos, de renda, emprego, seria um grande prejuízo, e nós não podemos permitir esse retrocesso".

A Caixa Econômica Federal é a maior operadora de programas como Bolsa Família, PIS, Minha Casa Minha Vida e FGTS.

Confira, na íntegra, a nota da Fenae:

"A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) repudia as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta segunda-feira (7), durante a posse dos presidentes da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BNDES. Ambos desrespeitaram os empregados da Caixa, da ativa e aposentados, e a instituição, que vai completar 158 anos no dia 12 de janeiro.

Em sua fala no Palácio do Planalto, Guedes afirmou que a Caixa “foi vítima de saques, fraudes e assaltos aos recursos públicos, como vai ficar óbvio logo a frente, a medida que, como diz o presidente, essas caixas pretas forem examinadas”. Já Bolsonaro, ao destacar a quantidade de presentes, disse: “o evento está bem concorrido porque são os homens do dinheiro que estão aqui. Só que, dessa vez, é o dinheiro do bem”.

Mas, ao que exatamente se referem o presidente e o ministro? Sem dar detalhes sobre esse tipo de denúncia, o que eles fazem é colocar sob suspeição a atuação do banco e, claro, todo o quadro de pessoal. Se o dinheiro agora é “do bem”, antes era do “do mal”? Bolsonaro também declarou que a transparência estará acima de tudo em seu governo. Até o momento, porém, não conseguiram ser transparentes nem mesmo nos discursos.

O que se busca claramente hoje é macular a imagem da Caixa, a fim de obter o apoio necessário à onda de privatizações que se aproxima. O banco da habitação, do FGTS, das loterias, do saneamento, da gestão de programas sociais, enfim, de todos os brasileiros, dever ser fortalecido. Não pode ser enfraquecido e fatiado, como pretendem Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e o novo presidente da instituição, Pedro Guimarães, em benefício do setor privado.

É natural que uma gestão recém-chegada dê novos rumos à Caixa, conforme as diretrizes que acredita serem corretas e necessárias. O que não se pode permitir é que as medidas adotadas representem um selo de ineficiência para uma empresa que contribui há mais de um século e meio com o desenvolvimento econômico e social do país, e tampouco para os milhares de trabalhadores que constroem a Caixa no dia a dia, Brasil afora.

Acima de tudo, a Caixa e seus milhares de empregados merecem respeito!"



Edição: Brasil de Fato

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