Novo documento do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) mostrou depósitos em dinheiro no valor de quase 100 mil
reais na conta do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)
no período de um mês, segundo reportagem do Jornal Nacional na sexta-feira.
Segundo o JN, foram 48 depósitos, no valor de 2 mil reais
cada, entre junho e julho de 2017. Vários dos depósitos foram feitos em poucos
minutos, concentrados no posto de autoatendimento na Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro (Alerj).
O Coaf, segundo a reportagem, apontou que não foi possível
identificar quem fez os depósitos, mas que o fato de serem vários depósitos do
mesmo valor sugerem tentativa de ocultar a origem do dinheiro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro havia pedido
relatórios para o Coaf de assessores parlamentares da Alerj. Um ex-assessor de
Flávio, Fabrício Queiroz, é investigado pelo MPRJ por movimentações atípicas
identificadas pelo Coaf no valor de 1,2 milhão de reais.
A reportagem do JN afirma que o MPRJ pediu para o Coaf
ampliar o levantamento para movimentações dos deputados estaduais fluminenses
porque há suspeitas de que funcionários devolvessem parte dos salários aos
parlamentares.
Segundo nota do MPRJ divulgada na sexta-feira, Flávio, que é
filho do presidente Jair Bolsonaro, não é investigado.
Decisão do presidente em exercício do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luiz Fux, suspendeu a investigação sobre Queiroz a pedido de
Flávio.
Uma fonte do Judiciário, no entanto, disse à Reuters que
Flávio é investigado na esfera cível.
Em entrevista ao Jornal da Record na noite de sexta-feira,
gravada antes da veiculação da matéria do JN, Flávio afirmou que reivindicou ao
STF que sejam cumpridas obrigações legais, embora seja contra o foro especial.
“Quando tive acesso aos autos, descobri que o Ministério
Público estava me investigando de forma oculta desde meados do ano passado, e
além disso usando vários atos ao longo desse procedimento ilegais também. E
pior, descobri que o meu sigilo bancário havia sido quebrado sem a devida
autorização judicial”, disse ele.
“Não quero privilégio nenhum, mas quero ser tratado dentro da
lei e dentro da Constituição. Não estou me escondendo atrás de foro nenhum. Não
tenho nada para esconder de ninguém. Aonde o Supremo determinar que eu tenho
que ir eu vou fazer”, completou.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a defesa de Flávio disse
que os procuradores produziram provas ilegalmente e quer a anulação delas.
Queiroz foi convidado duas vezes para prestar esclarecimentos
no MP do Rio de Janeiro, mas não compareceu alegando problemas de saúde. A
família dele também foi chamada para esclarecer a movimentação atípica de mais
de 1,2 milhão de reais entre 2017 e 2018, mas não apareceu na data marcada.
Flávio Bolsonaro também não compareceu a um depoimento, mas
havia prometido marcar uma nova data. Por ter prerrogativa de foro, ele podia
acertar com os promotores uma data para se apresentar e dar seus
esclarecimentos. O parlamentar usou sua conta em uma rede social para
justificar a ausência e argumentou que não teve acesso ao processo.
Em dezembro, Queiroz afirmou em entrevista ao SBT que entre
suas atividades está a de revenda de carros. Ele disse que ganhava cerca de 10
mil reais por mês quando fazia assessoria a Flávio Bolsonaro e que seus
rendimentos mensais eram de cerca de 24 mil reais, incluindo remuneração como
policial.
De acordo com o relatório do Coaf, entre a movimentação
suspeita de Queiroz de 1,2 milhão de reais estavam depósitos à hoje
primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
PLANTÃO BRASIL
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