Existe certa dificuldade de se aceitarem as chamadas “doenças
da alma”, uma vez que seus sintomas muitas vezes não são visíveis fisicamente.
Estamos tão acostumados a enxergar apenas o que pode ser
visto, que tudo aquilo que os olhos não veem cerca-se de hesitações.
Materialistas que somos, amantes das aparências, tendemos a neutralizar o que
requer profundidade e sentimento.
Nesse contexto, pode-se dizer que há um certo preconceito em
relação a estados de espírito, pois, caso não existam sintomas visíveis, a
doença existe como?
E é assim que muitas pessoas reagem mal ao se depararem com
doenças e/ou transtornos mentais, não os aceitando, inclusive desdenhando de
quem padece desses males. Afinal, vendo a pessoa, ali na frente, sem manchas
pelo corpo, sem febre, aparentemente normal, a muitos não ocorre perceber que
há um mundo dentro de cada um de nós.
Possivelmente, somente quem já passou por um quadro
depressivo ou viu algum familiar assim pode dimensionar a dor que isso traz,
tanto para quem sofre como para quem ama e convive com ele, da mesma forma
ocorrendo com transtorno ansiedade generalizada e bipolaridade.
Todos os envolvidos acabam atingidos de alguma forma, porque
as cicatrizes são invisíveis e o pedido de socorro vem do fundo do olhar.
Se atentarmos para as características da sociedade de hoje,
perceberemos que há um terreno propício para que o emocional se abale, haja
vista a pouca importância dada ao que vem de dentro de cada um.
A supervalorização das superficialidades, a superexposição de
conquistas materiais, a busca desenfreada pela fama virtual, entre outros,
caracterizam uma sociedade descuidada com o que os sentimentos possam dizer e,
portanto, claramente suscetívela padecer de doenças emocionais.
A depressão é escuridão. A ansiedade é desespero. A
bipolaridade é insegurança. E vice-versa. Enquanto os sentimentos não forem
valorizados pela sociedade, as doenças da alma dificilmente serão encaradas
socialmente com a urgência que se requer, como realmente deveria ser.
Se o essencial é invisível aos olhos, as escuridões dolorosas
de uma alma que sofre também o são. Entender isso é o mínimo a se fazer. Com
urgência
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