O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse
segunda-feira (17) que pretende horizontalizar os impostos, acabando com
isenções e subsídios, cortando inclusive verbas do Sistema S, que deve sofrer
redução em torno de 30%, podendo chegar a 50% dos repasses. “É a contribuição,
como vamos pedir o sacrifício do outro sem dar o nosso?”, questionou.
Paulo Guedes para uma plateia de empresários na Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no evento Encerramento das
Atividades 2018 e Perspectivas 2019. Também participaram do almoço o prefeito
do Rio Marcelo Crivella e o governador eleito do estado, Wilson Witzel.
O futuro ministro disse que também é necessário fazer uma
reforma do Estado e garantir um novo eixo de governabilidade, com a retomada do
pacto federativo, e “corrigir a hipertrofia do governo federal”. “Nós queremos
recompor o federalismo, descentralizar recursos para os estados e municípios.
Levem os recursos, levem as atribuições”.
Previdência
Guedes disse que uma das prioridades do novo governo é a
reforma da Previdência, que deverá incluir um sistema de capitalização “para
garantir as gerações futuras”. Ele comparou o sistema atual, compartilhado, com
um avião “prestes a cair” por causa da “bomba demográfica” que o país enfrenta
com o envelhecimento da população.
Segundo o futuro ministro, é preciso fazer como foi feito no
Chile e transitar “na direção de um sistema de capitalização”. “Primeiro vamos
tentar acertar esse [sistema] que está aí e depois a gente aprofunda e vai na
libertação das gerações futuras, com um sistema de capitalização que
democratiza o hábito de poupança, liberta as empresas dos encargos
trabalhistas. Vai ser um choque de criação de novos empregos, dá a
portabilidade, direito de investir onde quiser”.
Guedes explicou que, nesse novo sistema, o Estado garante o
resultado, mas não opera diretamente, agindo como coordenador e fiscal. Com
isso, segundo o futuro ministro, o país cria “uma enorme indústria
previdenciária que vai botar o Brasil para crescer 4%, 5% ao ano”. Guedes disse
que o novo sistema será apenas para os jovens que ingressarem no mercado de
trabalho, assim como o novo regime trabalhista, onde vale a negociação, que
será optativo.
Classe política
O futuro ministro disse ser necessária a reabilitação da
classe política, para que os eleitos assumam o protagonismo das ações. “Chegar
e ‘olha, vamos desvincular, descarimbar esse dinheiro’. Esses objetivos
decididos há 30 anos já foram atingidos? Se não foram atingidos, pelo menos
decidam. Vocês querem mais na defesa, na segurança pública, mais na saúde? Na
educação? Subsídios para desigualdade regional? Venham aqui e assumam a
responsabilidade e o protagonismo”.
Segundo Guedes, atualmente o político tem uma vida
“desagradável” com muitos privilégios e nenhuma atribuição. “Está parecido com
a nobreza francesa, mas a guilhotina aqui é midiática, cada hora cai em um
pescoço. Uma classe que só tem privilégios e não tem atribuições está
enfraquecida. Eles já sabem que não tem mais o toma lá dá cá e vão ter que se
reinventar”.
O futuro ministro disse que, se não for possível implantar as
medidas que pretende por dificuldades políticas ou falta de apoio, ele deixará
o governo. “Quem bater no ministro da Economia leva mais? Não vai, porque eu
jogo as chaves fora antes”, disse se referindo à prática que, segundo ele, é
recorrente no país, dos governadores e prefeitos irem pedir recursos
diretamente aos ministros, em vez de buscarem alocar verbas no Orçamento.
Guedes disse também que não vai interferir nas atuais
negociações sobre o megaleilão do excedente do petróleo da camada pré-sal e que
vai tratar da cessão onerosa no próximo ano.
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