quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

ESQUEMA DESVIAVA MILHÕES DE REAIS DO COMBATE A SECA EM PERNAMBUCO E MARANHÃO

Os produtos que estavam nos contratos eram filtros e cestas básicas que foram superfaturadas em aproximadamente 30%, alguns materiais nem foram entregues, concedendo uma “gordura maior” ao grupo, segundo o coordenador da segunda fase da Operação Torrentes, Márcio Tenório.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (8), a Polícia Federal forneceu mais detalhes das investigações que culminaram na deflagração da segunda fase da Operação Torrentes, denominada Círculo de Fogo, também nesta quinta-feira. Segundo a PF, o mesmo esquema que desviou recursos públicos federais para atendimento à população atingida pelas fortes enchentes no Estado foi levado para o Maranhão.

De acordo com a PF, as verbas federais para ajudar no combate à seca em 2013 no Maranhão foram alvos de superfaturamento e possível não execução dos serviços contratados firmados com a administração maranhense, por meio do comando do Corpo de Bombeiros. Um ex-comandante da corporação está entre os presos nesta quinta-feira. A forma de atuação do esquema era a mesma presente nos contratos com a Secretaria da Casa Militar de Pernambuco.

O lobista e pastor evangélico Daniel Pereira da Costa Lucas teria sido a ponte entre a JFW Empresarial, uma das empresas contratadas para fornecer materiais para apoiar as vítimas das enchentes em Pernambuco, e o comando do Corpo de Bombeiros do Maranhão. Ele foi um dos presos preventivamente em Pernambuco e já se envolveu em outros crimes como assalto a banco, fraude e estelionato. Segundo a PF, depois de um longo período na prisão, o lobista estava atuando em crimes contra a administração pública com corrupção e desvio de recursos.

A ata de registro de preço do processo licitatório ganho em Pernambuco chegou ao Comando da instituição que fechou a contratação da empresa. De acordo com a Polícia Federal, os contratos somam mais de R$ 10 milhões. Do montante, pelo menos R$ 8 milhões foram desviados, além de superfaturamento e à não execução dos serviços contratados.

Os produtos que estavam nos contratos eram filtros e cestas básicas que foram superfaturadas em aproximadamente 30%, alguns materiais nem foram entregues, concedendo uma “gordura maior” ao grupo, segundo o coordenador da segunda fase da Operação Torrentes, Márcio Tenório.


Além do lobista, os empresários da JFW, que já haviam sido presos na primeira fase da operação, Ítalo Henrique Silva Jaques e Ricardo José de Padilha Carício e a sua esposa, Rafaela Carrazone da Cruz Gouveia Padilha foram alvos de mandados prisão preventiva.

No Maranhão, foram presos o ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Maranhão João Vanderley Costa Pereira e o primeiro tenente do Corpo de Bombeiros Augusto César dos Santos Cutrim, responsável por desempenhar funções administrativas relacionadas a contratos. A PF diagnosticou favorecimento aos militares com depósitos diretamente nas contas deles na época da contratação da JFW e durante a extensão do contrato. A sede do comando do Corpo de Bombeiros e a sede da Coordenadoria de Defesa Civil do Maranhão foram alvos de ações busca e apreensão.

A segunda fase deflagrada nesta quinta-feira (8) cumpriu sete mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão em Pernambuco e no Maranhão. Ao todo 80 policiais federais participaram das ações. Graças às provas colhidas na fase inicial com a análise dos documentos apreendidos, foi identificado o esquema no Maranhão. Os mandados de prisão e de busca e apreensão vão aprofundar as investigações, segundo o coordenador da segunda fase da operação, Marcio Tenório.

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