Os produtos que estavam nos contratos eram filtros e cestas
básicas que foram superfaturadas em aproximadamente 30%, alguns materiais nem
foram entregues, concedendo uma “gordura maior” ao grupo, segundo o coordenador
da segunda fase da Operação Torrentes, Márcio Tenório.
Em coletiva de
imprensa realizada nesta quinta-feira (8), a Polícia Federal forneceu mais
detalhes das investigações que culminaram na deflagração da segunda fase da
Operação Torrentes, denominada Círculo de Fogo, também nesta quinta-feira.
Segundo a PF, o mesmo esquema que desviou recursos públicos federais para
atendimento à população atingida pelas fortes enchentes no Estado foi levado
para o Maranhão.
De acordo com a PF, as verbas
federais para ajudar no combate à seca em 2013 no Maranhão foram alvos de
superfaturamento e possível não execução dos serviços contratados firmados com
a administração maranhense, por meio do comando do Corpo de Bombeiros. Um
ex-comandante da corporação está entre os presos nesta quinta-feira. A forma de
atuação do esquema era a mesma presente nos contratos com a Secretaria da Casa
Militar de Pernambuco.
O lobista e pastor evangélico
Daniel Pereira da Costa Lucas teria sido a ponte entre a JFW Empresarial, uma
das empresas contratadas para fornecer materiais para apoiar as vítimas das
enchentes em Pernambuco, e o comando do Corpo de Bombeiros do Maranhão. Ele foi
um dos presos preventivamente em Pernambuco e já se envolveu em outros crimes
como assalto a banco, fraude e estelionato. Segundo a PF, depois de um longo
período na prisão, o lobista estava atuando em crimes contra a administração
pública com corrupção e desvio de recursos.
A ata de registro de preço do
processo licitatório ganho em Pernambuco chegou ao Comando da instituição que
fechou a contratação da empresa. De acordo com a Polícia Federal, os contratos
somam mais de R$ 10 milhões. Do montante, pelo menos R$ 8 milhões foram desviados,
além de superfaturamento e à não execução dos serviços contratados.
Os produtos que estavam nos
contratos eram filtros e cestas básicas que foram superfaturadas em
aproximadamente 30%, alguns materiais nem foram entregues, concedendo uma
“gordura maior” ao grupo, segundo o coordenador da segunda fase da Operação
Torrentes, Márcio Tenório.
Além do lobista, os empresários
da JFW, que já haviam sido presos na primeira fase da operação, Ítalo Henrique
Silva Jaques e Ricardo José de Padilha Carício e a sua esposa, Rafaela
Carrazone da Cruz Gouveia Padilha foram alvos de mandados prisão preventiva.
No Maranhão, foram presos o
ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Maranhão João Vanderley Costa Pereira e
o primeiro tenente do Corpo de Bombeiros Augusto César dos Santos Cutrim,
responsável por desempenhar funções administrativas relacionadas a contratos. A
PF diagnosticou favorecimento aos militares com depósitos diretamente nas
contas deles na época da contratação da JFW e durante a extensão do contrato. A
sede do comando do Corpo de Bombeiros e a sede da Coordenadoria de Defesa Civil
do Maranhão foram alvos de ações busca e apreensão.
A segunda fase deflagrada nesta quinta-feira (8)
cumpriu sete mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão
em Pernambuco e no Maranhão. Ao todo 80 policiais federais participaram das
ações. Graças às provas colhidas na fase inicial com a análise dos documentos
apreendidos, foi identificado o esquema no Maranhão. Os mandados de prisão e de
busca e apreensão vão aprofundar as investigações, segundo o coordenador da
segunda fase da operação, Marcio Tenório.
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