Agentes da Polícia Federal liderados pela força-tarefa da
Lava-Jato estão nas ruas para cumprir 45 prisões contra doleiros envolvidos em
um esquema de lavagem de dinheiro que atinge astronômica cifra de US$ 1,652
bilhão. O principal alvo da ação é o doleiro Dario Messer, apontado como
"o doleiro dos doleiros" no Brasil. Policias federais cumprem, na
manhã desta quinta-feira, mandados nos estados de Rio, São Paulo, Distrito
Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e nos países Uruguai e Paraguai, onde
acreditam estar Messer, por possuir dupla cidadania.
A Lava-Jato desbaratou o esquema a partir das delações dos
operadores do esquema do ex-governador Sergio Cabral, Vinicius Claret, o
"Juca Bala", e Cláudio Fernando Barbosa, o "Tony". Os dois
formam um grupo de quatro gerentes liderados por Dario Messer para lavar o
dinheiro. Os doleiros atuam no mercado paralelo de câmbio.
Um outros doleiros, de nome Sergio Mizhay e Enrico, também
estão entre os alvos. A força tarefa da Lava-Jato apurou, a partir das
delações, que havia um sofisticado sistema para fazer a lavagem de dinheiro.
Juca Bala e Tony entregaram um sistema financeiro paralelo e online chamado
"Bank Drop", que consistia nas telas do sistema para que fossem
realizadas as operações de lavagem.
Juca Bala e Tony chegaram ao Rio em dezembro, extraditados do
Uruguai a pedido das autoridades brasileiras. Juca foi citado por outros dois
delatores, os irmãos Renato e Marcelo Chebar. Doleiros, eles revelaram que,
quando o esquema de propina do ex-governador ficou grande demais, em 2007,
tiveram de chamar Vinicius Claret para assumir as operações de lavagem.
ESQUEMA
Doleiros brasileiros e uruguaios se associaram para lavar o
dinheiro do esquema comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral no exterior. A
pista foi fornecida pelos os irmãos Renato e Marcelo Hasson Chebar, delatores
da Operação Eficiência, que citaram a uruguaia María Esther Campa Solaris como
titular de uma conta no banco Pictet & Cie, com sede em Genebra, onde
Cabral teria escondido US$ 10 milhões (R$ 31,2 milhões) da propina levada para
a Suíça. María Esther é secretária do advogado Oscar Algorta Rachetti, uruguaio
já indiciado pelo juiz Sérgio Moro por também lavar dinheiro para o ex-diretor
da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Além dos irmãos Chebar, Algorta era próximo de pelo menos
mais um doleiro brasileiro. E-mails obtidos pelo GLOBO revelam que María
Esther, em novembro de 2012, acertou uma viagem do advogado ao Rio, onde ficou
hospedado durante quatro dias numa cobertura no Leblon, que pertence a Dario
Messer.
Juca, segundo Renato Chebar, tinha uma estrutura no Rio para
o recebimento em espécie dos valores da propina de Cabral.
O GLOBO
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