Muitos candidatos viciados nos processos políticos
tradicionais, estão encontrando sérias dificuldades para conduzir a
pré-campanha, pois ainda não entenderam que apenas poder financeiro já não
basta. A comunicação assertiva com internautas é o caminho correto.
Apresentamos algumas estratégias para essa primeira etapa
eleitoral
A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão só
começa no dia 31 de agosto, mas na internet a campanha já está a todo vapor.
Como o horário eleitoral foi reduzido de 45 para 35 dias em 2018, muitos
candidatos à Presidência têm apostado nas redes sociais como um diferencial,
especialmente aqueles que terão menos tempo para expor suas propostas na TV e
no rádio. À medida que se aproxima o início da corrida eleitoral, aspirantes ao
Planalto intensificam as postagens.
São os casos, por exemplo, de Marina Silva (Rede), Geraldo
Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB). Pressionado a
decolar nas pesquisas o quanto antes, Alckmin, que beira um milhão de
seguidores, passou a postar com mais frequência desde maio. O tucano conta com
uma equipe coordenada por Marcelo Vitorino, atuante na campanha de Marcelo
Crivella à prefeitura do Rio de Janeiro em 2016 e na de José Serra à
Presidência em 2010. “Há enorme diferença entre promover ações na internet e
usar a internet para promover ações. Na primeira hipótese, você obtém likes ou
pageviews. Na segunda, resultados”, prega Vitorino.
Nas últimas semanas, Meirelles e Ciro têm apostado em vídeos
bem produzidos, como se fossem inserções de televisão. João Amoêdo (Novo) é
outro habituê das redes. Já tem um milhão de curtidas no Facebook e costuma
interagir com os usuários. “É divulgando as nossas ideias, contando o que a
gente tem feito e apresentando propostas. Tudo isso usando a tecnologia. O país
tem cerca de 120 milhões de brasileiros com acesso ao WhatsApp. O Novo terá
cerca de 370 candidatos a deputado federal.
Vai ser com esse grupo, com a quantidade de voluntários do
Novo fazendo a divulgação, que a gente quer atingir esse público”, disse.
Guilherme Boulos (PSOL) é, segundo seus adversários, o típico socialista de
iphone. Não abre mão das criações do capitalismo, embora o renegue. Segundo a
AJA Solutions, uma agência britânica de comunicação e marketing especializada
em Brasil, ele “consegue manter níveis de visibilidade e relevância
proporcionalmente altos no Twitter. Foi o pré-candidato que mais ganhou
seguidores em maio”.
116 milhões conectados
Programas como “Café com Alckmin”, “Café com Boulos” e
“Pergunte ao Ciro” estão entre as formas encontradas pelos partidos para se
comunicarem com os eleitores pelas mídias sociais. “Parece que o horário
eleitoral começou antecipadamente no Twitter”, concluiu a AJA Solutions. Parece
não. É. Marina, que aparece em segundo lugar nas pesquisas recentes, possui
números expressivos de seguidores: 2,3 milhões no Facebook e 1,91 milhão no
Twitter. A equipe da candidata tem dado atenção especial às redes por entender
o peso que terão na campanha. A ideia é realmente intensificar as postagens
daqui pra frente. Segundo a assessoria de Marina, a equipe de pré-campanha vê
as redes sociais como um grande aliado.
O último levantamento feito pelo IBGE sobre o uso da internet
no País, com base em dados de 2016, apontou que 64,7% da população com idade
acima de dez anos está conectada. São 116 milhões de brasileiros com acesso à
internet. Os dados indicam que a maioria do eleitorado está, portanto, presente
no mundo virtual. “As alterações feitas desde 2013 no nosso ordenamento
eleitoral foram para reduzir a campanha. Assim, as redes sociais serão o
principal instrumento dessa eleição para levar ao conhecimento do eleitor as
opções de candidaturas”, avalia especialista em direito eleitoral, Carla
Karpstein.
O campeão de seguidores é o deputado Jair Bolsonaro (PSL),
que também lidera as pesquisas de intenção de voto. São 5,3 milhões de
seguidores no Facebook e mais 1,19 milhão no Twitter. Bolsonaro ainda não tem
uma equipe específica para trabalhar com suas redes sociais, e por enquanto,
conta com a ajuda do filho, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro.
“As redes sociais serão o principal instrumento para levar ao
conhecimento do eleitor as opções de candidaturas” Carla Karpstein, direito
eleitoral
Apesar de não estar entre os candidatos com mais seguidores,
é Manuela D´Ávila (PCdoB) quem possui as postagens mais influentes e de maior
alcance no Twitter. Ali, a deputada estadual do Rio Grande do Sul tem 206 mil
fiéis, mas lidera o ranking de relevância e visibilidade dos pré-candidatos a
presidente no Twitter, segundo levantamento da AJA. “Sua estratégia inclui
comentários sobre temas diversos em destaque na mídia tradicional ou nas mídias
sociais, buscando explicar as conexões a suas propostas. Com a variedade de
tópicos, atinge nichos diferentes, gerando diálogo em órbitas de seguidores de
outros pré-candidatos e atrai usuários que não acompanham a eleição”, diz o
estudo.
Com apenas 18 segundos para propaganda na TV e no rádio,
Manuela aproveita as redes para publicar vídeos longos onde consegue expor, em
detalhes, suas propostas para o País. De acordo com a AJA Solutions, Manuela
“apela ao humor para sair das armadilhas e criticar os que lhe atacam, uma
receita que lhe garante relevância entre simpatizantes e críticos. Tuita sobre
temas de interesse geral, como a educação, por exemplo, e consegue gerar
diálogo fora da bolha das eleições”. Quem trabalha para Manuela D’Ávila é
Marcelo Branco, que foi responsável pelas redes sociais nas campanhas do PT, de
Lula e Dilma Rousseff. Em segundo no ranking de engajamento figura Bolsonaro. O
levantamento diz que o deputado ajustou na última semana a estratégia de
comunicação para aumentar sua relevância. As redes são o novo bonde da
história. Quem perder, ficará irremediavelmente para trás.
Blog do Barbosa