O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo
Campos (PSB), anunciou nesta segunda-feira (2) foi à Polícia Federal e à
Justiça Federal em Santos (SP) pedir investigação sobre uma possibilidade de
ter havido “sabotagem” no avião usado pelo socialista na campanha presidencial
de 2014. Nesta terça-feira (3), pretende levar o caso à Procuradoria-Geral da
República (PGR) e ao Ministério da Justiça. Eduardo Campos morreu na queda da
aeronave em Santos, no litoral de São Paulo, em acidente que vitimou mais seis
pessoas.
Antônio Campos informou que foi procurado por peritos que
acompanham o caso e que eles apontaram a possibilidade de “sabotagem” que
antes, de acordo com o próprio advogado, ele “resistia a admitir”. Com base
nisso, o irmão de Eduardo Campos entrou com um requerimento para dar
conhecimento às autoridades do que considera ser “fortes indícios” e pedir
“rigorosa apuração” do inquérito aberto para investigar a queda do avião.
» Acidente de Eduardo Campos: Antônio Campos diz que
testemunha pode mudar o curso das investigações do caso
Em petição enviada à Polícia Federal, o advogado traz à tona
um elemento que, para ele, pode “mudar o curso da investigação” e “transformar
o acidente em homicídio culposo ou doloso”, segundo o documento enviado ao
delegado responsável pelo caso, Rubens José Maleiner.
Esse elemento seria a informação de que o sensor de
velocidade (speed sensor) da aeronave não estaria em funcionamento durante o
voo, segundo a petição de Campos.
“O speed sensor da aeronave à toda evidência foi desligado,
intencional ou não, sendo essa última hipótese de não intencional improvável, o
que caracteriza que o avião foi preparado para cair, o que caracteriza
sabotagem e homicídio culposo ou doloso. Tal fato é grave e relevante na
investigação da causa do acidente, podendo mudar o curso da investigação”, diz
o documento.
A petição aponta ainda que o não funcionamento do sensor
teria pego os pilotos de “surpresa” em um momento de nova tentativa de pouso no
aeroporto de Guarujá, em São Paulo, após a primeira não ter sucesso.
“Sem o speed sensor, o avião não poderia jamais voar a 200
knots com flaps ainda por recolher ou em recolhimento. Acontecendo o acima
descrito, a “armadilha” pegou de surpresa os pilotos no momento em que
reiniciavam subida após aproximação perdida, sobrevoo da pista e curva à
esquerda para retornar ao ponto de início de um novo procedimento de
aproximação”, registra o requerimento, que informa que o comandante e o
copiloto se “agarraram” aos manches – os controles da aeronave – “na tentativa
de recuperar o avião do mergulho” em direção ao solo.
“Voando baixo como estavam, apanhados de surpresa com a
PR-AFA (nome da aeronave) mergulhando, sequer tiveram tempo de reduzir
imediatamente os dois potentes motores. O acidente tornou-se inevitável. Na
hipótese de um acidente encomendado, essa armadilha é algo inteiramente
possível para o caso”, diz a petição.
O advogado ainda acusa o Cenipa (Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) de “esconder dados” que forneceriam a
informação de que os pilotos perderam o controle da aeronave durante o novo
procedimento de aproximação do aeroporto de Guarujá.
“A negativa imperativa do Cenipa em fornecer os dados de voo
colhidos pelos motores, através do Data Collection Unit, demonstra que o órgão
pretendeu (e conseguiu) esconder dados que esclareceriam que os pilotos
perderam, literalmente, o controle do PR-AFA”, diz o documento.
JAMILDO MELO
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