segunda-feira, 2 de abril de 2018

Irmão de Eduardo Campos vai à Justiça apontando ‘sabotagem’ em avião

O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), anunciou nesta segunda-feira (2) foi à Polícia Federal e à Justiça Federal em Santos (SP) pedir investigação sobre uma possibilidade de ter havido “sabotagem” no avião usado pelo socialista na campanha presidencial de 2014. Nesta terça-feira (3), pretende levar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Ministério da Justiça. Eduardo Campos morreu na queda da aeronave em Santos, no litoral de São Paulo, em acidente que vitimou mais seis pessoas.

Antônio Campos informou que foi procurado por peritos que acompanham o caso e que eles apontaram a possibilidade de “sabotagem” que antes, de acordo com o próprio advogado, ele “resistia a admitir”. Com base nisso, o irmão de Eduardo Campos entrou com um requerimento para dar conhecimento às autoridades do que considera ser “fortes indícios” e pedir “rigorosa apuração” do inquérito aberto para investigar a queda do avião.

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Em petição enviada à Polícia Federal, o advogado traz à tona um elemento que, para ele, pode “mudar o curso da investigação” e “transformar o acidente em homicídio culposo ou doloso”, segundo o documento enviado ao delegado responsável pelo caso, Rubens José Maleiner.

Esse elemento seria a informação de que o sensor de velocidade (speed sensor) da aeronave não estaria em funcionamento durante o voo, segundo a petição de Campos.

“O speed sensor da aeronave à toda evidência foi desligado, intencional ou não, sendo essa última hipótese de não intencional improvável, o que caracteriza que o avião foi preparado para cair, o que caracteriza sabotagem e homicídio culposo ou doloso. Tal fato é grave e relevante na investigação da causa do acidente, podendo mudar o curso da investigação”, diz o documento.



A petição aponta ainda que o não funcionamento do sensor teria pego os pilotos de “surpresa” em um momento de nova tentativa de pouso no aeroporto de Guarujá, em São Paulo, após a primeira não ter sucesso.

“Sem o speed sensor, o avião não poderia jamais voar a 200 knots com flaps ainda por recolher ou em recolhimento. Acontecendo o acima descrito, a “armadilha” pegou de surpresa os pilotos no momento em que reiniciavam subida após aproximação perdida, sobrevoo da pista e curva à esquerda para retornar ao ponto de início de um novo procedimento de aproximação”, registra o requerimento, que informa que o comandante e o copiloto se “agarraram” aos manches – os controles da aeronave – “na tentativa de recuperar o avião do mergulho” em direção ao solo.

“Voando baixo como estavam, apanhados de surpresa com a PR-AFA (nome da aeronave) mergulhando, sequer tiveram tempo de reduzir imediatamente os dois potentes motores. O acidente tornou-se inevitável. Na hipótese de um acidente encomendado, essa armadilha é algo inteiramente possível para o caso”, diz a petição.

O advogado ainda acusa o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) de “esconder dados” que forneceriam a informação de que os pilotos perderam o controle da aeronave durante o novo procedimento de aproximação do aeroporto de Guarujá.

“A negativa imperativa do Cenipa em fornecer os dados de voo colhidos pelos motores, através do Data Collection Unit, demonstra que o órgão pretendeu (e conseguiu) esconder dados que esclareceriam que os pilotos perderam, literalmente, o controle do PR-AFA”, diz o documento.

Além do encaminhamento ao delegado Rubens Maleiner, Campos vai dar conhecimento do requerimento ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, pedindo que seja reaberto o caso no Cenipa; à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, requerendo a designação de um procurador especial para a investigação; ao Ministério Público de São Paulo e ao juiz responsável pela ação de produção de provas do caso.

JAMILDO MELO

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