O ministro Gilmar Mendes foi o segundo convidado a participar
do Amarelas ao Vivo, fórum que reproduz em palco as tradicionais Páginas
Amarelas de VEJA. Segundo Gilmar, a decisão do plenário virtual da segunda
turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pode representar a liberdade para o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há 17 dias em Curitiba.
“Eu acredito que já esteja prejudicado, porque o Tribunal
[Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre] negou o recurso [os embargos
dos embargos], mas pode, claro”, afirmou. No pedido, a defesa do ex-presidente
questiona a decretação da prisão antes do julgamento do último recurso de Lula
no TRF4. Gilmar disse acreditar que, para além desse recurso, a Corte deva
julgar outros habeas corpus nesse sentido.
Sobre o caso do ex-presidente, o ministro trouxe ainda uma
outra possibilidade, que até então não havia sido cogitada: a de que ao invés
de dois crimes (corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Lula possa passar a
ser condenado apenas pela corrupção, considerando a lavagem como um delito
“embutido”. “É preciso discutir se os dois crimes a que ele foi condenado
realmente são dois crimes”, atestou.
A declaração foi dada durante entrevista conduzida pelo
diretor de redação de VEJA, André Petry, a partir do questionamento “‘Sou um
dos alvos preferidos’. Por quê?”. O ministro disse não ver diferenças
significativas entre os ataques à sua honra em virtude de posições como magistrado,
que já o acompanham há anos, com a atual onda, que inclui a propagação de
notícias falsas a seu respeito.
“Eu me acho realmente vítima de fake news e ataques na rede,
mas isso há muitos anos já. Eu sempre fui alvo de alguns tipos de ataques. O
PT, como você sabe, reclama desses ataques, mas articulava os ataques às
pessoas. Se misturavam fatos com uma imagem edulcorada, formando um tipo de
imagem na sociedade”, afirmou.
O ministro do Supremo disse que já articulou medidas
judiciais contra mentiras a seu respeito, mas que não considera que essa
solução definitiva. “Já tentei aquelas medidas de advertência e de retirada.
Resolve, mas às vezes elas voltam de uma outra maneira. Nós, homens públicos,
estabelecemos uma espécie de blindagem psicológica”, completa.
Em janeiro, levantamento exclusivo de VEJA com notícias
falsas compartilhadas nas redes sociais mostrou que o ministro é o quarto maior
alvo das lorotas na internet, perdendo apenas, nessa ordem, para o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para o presidente Michel Temer
(MDB) e o juiz Sergio Moro. Dos nove primeiros colocados, também é Gilmar quem
tem a maior taxa de noticias falsas negativas: 96%, sendo os outros 4% neutras.
Duas delas já foram desmentidas pelo blog Me Engana Que Eu
Posto. Ao contrário do que foi (muito) divulgado em aplicativos de mensagem,
não é a advogada Samantha Ribeiro Meyer, ex-mulher de Gilmar, quem aparece em
um vídeo agredindo um repórter que questiona a conduta da entrevistada
POR VEJA
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