Pedido foi no âmbito do inquérito para apurar as revelações
de delatores da Odebrecht sobre o repasse de R$ 10 milhões para o grupo
político do presidente
Por Estadão Conteúdo access_time 6 jun 2018, 18h55 -
Publicado em 6 jun 2018, 18h52 more_horiz
Presidente Michel Temer
Michel Temer: quebra de sigilo telefônico não possibilita a
recuperação do conteúdo das conversas, mas consegue mapear em qual horário e
para quem foram feitas ligações do número do presidente e de seus aliados
(Andre Coelho/Bloomberg)
A Polícia Federal solicitou a quebra do sigilo telefônico do
presidente da República, Michel Temer, e dos ministros da Casa Civil, Eliseu
Padilha (MDB), e de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB) ao Supremo Tribunal
Federal.
O pedido foi no âmbito do inquérito para apurar as revelações
de delatores da Odebrecht sobre o repasse de R$ 10 milhões para o grupo
político do presidente.
O repasse teria sido acordado em uma reunião no Palácio do
Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. A informação foi
revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo O Estado de S. Paulo.
O ministro Edson Fachin, relator do inquérito que tramita no
Supremo Tribunal Federal (STF), será responsável por decidir se acolhe ou não a
solicitação da Polícia Federal.
O pedido abrange o período de 2014, quando teria ocorrido a
reunião e os repasses por meio de operadores da empreiteira baiana. A quebra de
sigilo telefônico não possibilita a recuperação do conteúdo das conversas, mas
consegue mapear em qual horário e para quem foram feitas ligações do número do
presidente e de seus aliados.
O objetivo desse tipo de quebra de sigilo é mapear se os
investigados se comunicaram na época em que a propina foi negociada e quando os
repasses foram feitos.
A autoridade policial também pediu a quebra do sigilo
telefônico de operadores da empreiteira que teriam realizado as supostas
entregas do dinheiro.
No caso dos R$ 10 milhões, segundo a Odebrecht repassados ao
grupo político do presidente, as entregas teriam sido feitas por um operador do
Rio Grande do Sul e no escritório do amigo e ex-assessor de Temer, o advogado
José Yunes.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou em 2016 que planilha
apreendida pela Polícia Federal na 23ª fase da Lava Jato revela pagamento de R$
1 milhão para o codinome ‘Angorá’ na época em que o delator Cláudio Melo Filho
relata ter repassado valores para o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha.
O documento atrela ao operador Antônio Cláudio Albernaz
Cordeiro, codinome Tonico, a entrega dos valores, em 18 de agosto de 2014, na
cidade de Porto Alegre.
Histórico
No início de março, o ministro Luís Roberto Barroso autorizou
a quebra de sigilo bancário e fiscal de Temer no âmbito do inquérito que
investiga irregularidades na edição do Decreto dos Portos, assinado por ele em
maio de 2017. A decisão atendeu a um pedido do delegado da Polícia Federal
Cleyber Malta, responsável pelo inquérito.
O delegado reiterou a necessidade da quebra de sigilo e disse
que a medida era imprescindível para a investigação. Segundo ele, sem o acesso
aos dados bancários, não seria possível alcançar a finalidade da investigação.
A quebra de sigilo bancário abrange o período entre 2013 e
2017. A solicitação feita pelo delegado, em dezembro do ano passado, diverge do
pedido da procuradora-geral da República Raquel Dodge que solicitou quebras de
sigilo no âmbito do inquérito dos Portos, mas não incluiu entre os alvos o
presidente Temer.
EXAME
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